Covid-19: China defende que Instituto de Virologia de Wuhan merece prêmio Nobel

A declaração foi feita por Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. — Foto: © THOMAS PETER/REUTERS

Por O Globo — Em meio às investigações sobre a origem do coronavírus, o governo chinês defende que o Instituto de Virologia de Wuhan, localizado na cidade que registrou os primeiros casos de Covid-19 no mundo, merece um prêmio Nobel. A declaração foi feita por Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. Em entrevista coletiva na última quinta-feira ele criticou àqueles que presumem que o vírus foi produzido em laboratório e escapou.

— A sequência do genoma de Covid-19 foi identificada pela primeira vez por cientistas chineses, mas isso não significa que Wuhan seja a fonte do coronavírus, nem se pode inferir que o coronavírus foi feito por cientistas chineses. A equipe em Wuhan deveria receber o Prêmio Nobel de medicina por sua pesquisa sobre Covid, em vez de ser criticada — afirmou.

O jornal estatal Global Times noticiou no domingo que o laboratório foi nomeado para ganhar o Prêmio de Excelência em Ciência e Tecnologia da Academia Chinesa de Ciências devido ao seu trabalho na pandemia. A teoria do vazamento de laboratório já foi rejeitada por muitos especialistas, mas ganhou força após o presidente americano Joe Biden pedir que as agências de Inteligência dos EUA intensifiquem os esforços para descobrir a origem do novo coronavírus. Foi definido um prazo de 90 dias para apresentar uma conclusão definitiva sobre o tema.

‘Não tenho nada a temer’

A virologista Shi Zhengli, uma das dirigentes do Instituto de Wuhan, está no centro das narrativas conflitantes por conta de sua pesquisa do novo coronavírus. Na semana passada, em entrevista publicada pelo jornal New York Times, ela negou essas acusações e agora defende a reputação de seu laboratório e, de maneira mais ampla, de seu país. Por telefone, ela afirmou a princípio que preferia não falar diretamente com repórteres, citando as políticas de seu instituto. No entanto, ela mal conseguia conter sua frustração.

— Como posso fornecer evidências de algo que não tem evidências? — disse ela.

“Não sei como o mundo chegou a isso, despejando imundície constantemente sobre uma cientista inocente”, escreveu Shi depois em uma mensagem de texto.

Por e-mail, ela classificou as suspeitas como infundadas, incluindo as alegações de que vários de seus colegas podem ter adoecidos antes dos primeiros casos relatados. A especulação se reduz a uma questão central: o laboratório de Shi continha alguma fonte do novo coronavírus antes da erupção da pandemia? A resposta dela é um enfático não.