China e Rússia fazem queixas de agrotóxico e coronavírus em carne e soja exportadas pelo Brasil

Nos telegramas, as duas embaixadas disseram que os órgãos de fiscalização da Rússia e da China pediram providência ao Mapa. — Foto: Natinho Rodrigues

Por Raquel Lopes, FolhaPress — As embaixadas do Brasil na China e na Rússia reportaram, em telegramas ao Itamaraty, problemas em alimentos brasileiros exportados. Segundo diplomatas, autoridades nos dois países cobram soluções e há até queixa por “falta de controle” em relação aos produtos brasileiros.

Moscou, por exemplo, alertou para o índice de agrotóxico acima do limite permitido. Só em 2020, a reclamação envolveu mais de 300 mil toneladas de soja.

A missão em Pequim, por outro lado, relatou ao menos seis registros de presença do novo coronavírus em embalagens de carne e de pescado.

Nos telegramas, as duas embaixadas disseram que os órgãos de fiscalização da Rússia e da China pediram providência ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A Folha teve acesso a 350 páginas das correspondências enviadas ao Ministério das Relações Exteriores. Os documentos foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Segundo dados do Comex Stat, um sistema do governo para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro, a soja correspondeu a 25% da exportação brasileira para a Rússia em 2020.

Em um dos telegramas de janeiro, a embaixada do Brasil em Moscou cita que o Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia está preocupado com casos repetidos de detecção de glifosato acima do tolerado.

O documento pontuou que o país está endurecendo o controle sobre a presença da substância em produtos de grãos tanto no mercado interno quanto nas operações de exportação e importação.

A justificativa usada pelo país seria por causa do alto grau de toxicidade do glifosato para humanos e animais, confirmado por estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS).