Por Luiz Signor, OneFootball — Foi na madrugada do dia 29 de outubro de 2016 – considerando o horário brasileiro – que 71 vidas foram perdidas em uma das maiores tragédias do esporte em toda a história.
A queda do avião que levava a delegação da Chapecoense, profissionais da imprensa e convidados caiu antes de chegar ao destino na Colômbia, interrompendo sonhos e causando dor à toda a comunidade esportiva.
A Chape de Caio Júnior, Danilo, Cleber Santana, Bruno Rangel & Cia. vivia o maior momento de sua história. Era o ápice de uma arrancada impressionante.
Tinha conquistado a simpatia e torcida de milhões de brasileiros e se preparava para disputar a primeira final internacional de sua história, a da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional de Medellín.
De sem divisão ao ápice
Entre 2000 e 2006, a Chape não disputou nenhuma competição nacional. Jogou a Série C de 2007 sem sucesso e, logo na primeira edição da Série D que participou (2009), ficou em terceiro, voltando à Terceirona.
Foram três anos na Série C até o acesso em 2012, com o terceiro lugar. E foi à Série A – o que não acontecia desde 1979 – com o vice-campeonato da edição de 2013 – que teve o Palmeiras campeão.
O Verdão do Oeste disputou a sua primeira Sul-Americana já em 2015 após o 15º lugar no Brasileirão de 2014. E repetiu a presença no torneio sul-americano no ano seguinte após a 14ª colocação na Série A.
A campanha histórica
Passou pelo Cuiabá com vitória por 3 x 1 em Chapecó – tinha perdido na ida por 1 x 0 e, depois, emendou uma sequência de jogos épicos.
Eliminou o Independiente com vitória por 5 x 4 nos pênaltis após dois 0 x 0. Danilo provava sua vocação para herói: defendeu quatro cobranças.
Na sequência, foi a vez de superar o Junior Barranquilla. Derrota na Colômbia por 1 x 0 e vaga após o 3 x 0 em Chapecó.
Aí veio o San Lorenzo. Após o 1 x 1 em solo argentino, a classificação histórica à final veio com um sofrido e histórico 0 x 0.
Blandi, atacante da equipe argentina, teve a chance de garantir a vitória argentina no último minuto do jogo na Arena Condá, após cobrança de falta. Mas Danilo, o predestino, defendeu com o pé direito. A Chape disputaria o título.
A tragédia
A delegação da Chape – incluindo a diretoria do clube -, profissionais da imprensa e convidados deixaram Guarulhos com destino a Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Só que a última etapa do voo até Medellín feita a abordo do avião da LaMia de matrícula CP2933 jamais foi cumprida.
O relatório final da Aeronáutica Civil da Colômbia confirmou: a falta de combustível foi a causa da queda. Eram necessários 11,6 mil quilos de combustível para o trajeto, mas a aeronave só comportava 9,3 mil quilos.
O aeroporto de Bogotá estava 142 km de distância quando a luz de emergência indicando falta de combustível foi acionada. Mas a decisão pelo pouso de emergência – comunicado a situação à torre de controle – não aconteceu de imediato. O que selou o destino da aeronave.
Homenagens e título
A dor pela tragédia foi tomada pelas manifestações de solidariedade e diversas homenagens. A mais impactante delas veio no dia seguinte ao acidente, quando Atlético Nacional e Chapecoense fariam o jogo de ida da final da Sul-Americana no Atanasio Girardot.
O estádio ficou lotado com mais de 52 mil pessoas e milhares ao lado de fora. Diversas vezes o grito “Vamos, vamos, Chape”, que virou símbolo daquele time, foi ecoado.
O público, vestido de branco, levou velas e flores. E 71 pombas foram soltas em homenagens às vítimas.
O clube colombiano tomou a iniciativa de oferecer o título ao clube catarinense desde o início. E a Conmebol oficializou tal decisão no dia 5 de dezembro, com o troféu sendo erguido por Plínio de Nes Filho, que assumiu a presidência da Chape após a tragédia, no dia 22 de dezembro.
A temporada de 2017 foi iniciada com a chegada de vários jogadores – muitos emprestados – e uma comissão técnica nova. E a Chape levou o Catarinense mesmo diante de tantas dificuldades. Ainda ficou com a oitava colocação no Brasileirão – desempenho histórico.
O time não passou da fase de grupos da Libertadores graças a uma punição por escalação irregular. Em terceiro no seu grupo, foi à Sul-Americana e parou nas oitavas de final para o Flamengo.
Sem solução
As famílias das vítimas ao acidente ainda tentam a indenização do seguro da aeronave que levava a delegação. Já houve uma ação pública contra as empresas envolvidas, um processo em andamento nos EUA e criação de uma CPI no Senado.
A apólice de seguro foi contratada no valor de 25 milhões de dólares. A segurada ainda se recusa a fazer o pagamento, pois considera que havia problemas no voo. E o imbróglio segue até hoje.
Momento de recuperação
PRA SEMPRE LEMBRADOS ?
Não importa quanto tempo passe ou quantas vezes as estações mudem. Quem tocou os nossos corações de uma forma especial, permanece vivo, para sempre, nas nossas melhores lembranças.
29 de novembro | ? #PraSempreLembrados pic.twitter.com/e6izGWxvCZ
— Chapecoense (@ChapecoenseReal) November 29, 2020
Após uma temporada de pouco brilho, a Chapecoense acabou rebaixada à Série B do Brasileirão no ano passado com uma campanha de apenas sete vitórias.
O 2020 começou com uma campanha ruim no Catarinense – com ameaça de rebaixamento -, mas uma reação levou o time à próxima fase e, depois, ao título estadual.
A campanha na Série B é de destaque. Apesar das duas derrotas seguidas, o Verdão do Oeste ainda é, com 47 pontos, o líder.