Candidatos do PSL levantam suspeita sobre repasse de R$ 690 mil a ex-mulher de ministro do Turismo

Na nota divulgada nesta terça-feira, os candidatos afirmam que o repasse apenas à ex-mulher de Álvaro Antônio, que disputa uma vaga na Câmara de Vereadores — Foto: Reprodução

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Mais de um terço dos candidatos que o PSL lançou para disputar uma vaga na Câmara de Vereadores de Belo Horizonte divulgou nesta terça-feira (20) uma nota em que afirma que o partido está se envolvendo, mais uma vez, “em escândalo de repasse de verbas públicas”.

O motivo da revolta de 24 candidatos é o repasse, pela sigla, de R$ 690 mil do Fundo Eleitoral para a candidata a vereadora Janaina Cardoso (PSL), ex-mulher do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, cacique do partido em Minas Gerais.

“O repúdio, além de ser ao ministro, ex-marido da candidata do próprio partido, também diz respeito à senhora Janaina Cardoso, em uma atitude, mais uma vez, que deteriora o PSL, e que joga na lama o nome de um partido, envolvido, mais uma vez, em escândalo de repasse de verbas públicas, o que deprecia não apenas as candidaturas, mas as histórias de outros candidatos, idôneos, patriotas e conservadores no mesmo cenário”, diz a nota, que é assinada inclusive pela presidente do PSL Mulher em Minas, Marcela Valente.

Em 2019 o jornal Folha de S.Paulo revelou, em diversas reportagens, a existência de candidaturas laranjas lançadas pelo PSL, em Minas e em Pernambuco, com o intuito de desviar verbas da cota feminina. Então presidente do PSL mineiro, Márcelo Álvaro foi denunciado pelo Ministério Público sob acusação de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa. O ministro nega ter cometido qualquer tipo de irregularidade.

Na nota divulgada nesta terça-feira, os candidatos afirmam que o repasse apenas à ex-mulher de Álvaro Antônio, que disputa uma vaga na Câmara de Vereadores de BH, causa desigualdade na disputa entre os candidatos. “Além disso, há um desrespeito. Em um pleito eleitoral, vence quem trabalha e constrói, através de sua luta, a conquista de uma cadeira, no caso da Câmara Municipal de Belo Horizonte, e que não seja através desse jogo da velha política, de enorme discrepância, feito com verba pública”.

Os candidatos dizem ainda que o repasse é imoral -“R$ 690 mil para cada um? Qual a razão para tal situação acontecer? O que está por trás de tudo isso? Os candidatos do PSL, em sua grande maioria, são favoráveis ao combate à corrupção e de respeito ao dinheiro público. Uma disparidade dessa não condiz com o entendimento dos candidatos e, por isso, a revolta se faz presente”.

A nota encerra dizendo que “quem combate a corrupção nas ruas também não pode ser conivente com situações extravagantes dentro do mesmo partido”.

O dinheiro recebido por Janaina representa quase o limite legal de gastos permitido para a campanha de um vereador em Belo Horizonte, que é de R$ 692 mil.

Procurados, Álvaro Antônio, o PSL de Minas e a candidata não se manifestaram até a publicação desta reportagem.