Percentual de eleitores idosos é o maior desde 1992, aponta levantamento

Cerca de 30 milhões de eleitores são idosos no Brasil, o que representa 20% do eleitorado — Foto: Reprodução de Internet

Por Fábio Vasconcellos e Gabriela Caesar, G1 — Um a cada cinco eleitores aptos a votar nestas eleições é idoso e, portanto, faz parte do grupo de risco do novo coronavírus. No total, são 30 milhões de pessoas a partir de 60 anos – o equivalente a 20% do eleitorado, o maior percentual já registrado desde 1992. É o que aponta um levantamento feito pelo G1 com dados do eleitorado disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A série histórica com estes dados começa em 1992 e, portanto, não é possível conferir informações sobre a faixa etária do eleitorado antes disso. O TSE considera a idade do eleitor no primeiro turno da eleição. Neste ano, o primeiro turno será em 15 de novembro; e o segundo turno, em 29 de novembro.

Nestas eleições, os idosos terão horário preferencial no dia da votação (das 7h às 10h), e as seções eleitorais devem adotar uma série de medidas para evitar a disseminação da Covid-19, como o uso do álcool em gel e as recomendações de levar a própria caneta e manter a distância de pelo menos 1 metro do outro eleitor na fila. Também é obrigatório usar máscara facial no local da votação.

A participação dos idosos no eleitorado brasileiro tem crescido nas últimas décadas. Em 1992, por exemplo, esse público representava 10% do eleitorado. Em 2000, era 13%. Em 2010, 15%. Nestas eleições, 20%.

Em números absolutos, a quantidade de eleitores idosos saltou de 9,5 milhões em 1992 para 30,2 milhões em 2020, segundo os dados do TSE, que podem apresentar diferenças em razão dos processos de atualização dos cadastros de eleitores.

Essa tendência observada entre os eleitores reflete o fenômeno da transição demográfica que o Brasil está vivendo, segundo o demógrafo do IBGE Marcio Mitsuo Minamiguchi. Isso deve continuar até 2060, quando o Brasil deverá ter cerca de 30% de pessoas acima de 60 anos.

“O tamanho do eleitorado de idosos está intimamente ligado à estrutura da população. Os idosos são uma parcela bastante representativa da sociedade. O envelhecimento da população é reflexo do que chamamos de transição demográfica, que consiste na passagem de níveis mais altos para níveis baixos tanto de fecundidade quanto de mortalidade”, diz.

“Com a redução da fecundidade, as gerações têm menos filhos. Isso leva a uma estreitamento da base da pirâmide e, por outro lado, com o aumento da expectativa de vida e a redução da mortalidade temos chances maiores de as pessoas chegarem a idades avançadas. Esses dois efeitos levam a esse processo de envelhecimento da população”, acrescenta Minamiguchi.

O infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edimilson Migowski diz que os idosos sentem mais os efeitos da infecção pela Covid-19 porque o sistema imunológico dessa população é mais frágil quando comparado com os mais jovens. Mas ele considera que as medidas de prevenção, como manter o distanciamento, lavar as mãos e usar a máscara podem ser suficientes para proteger esses eleitores. Ele faz um alerta, porém, para as regiões em que há mais idosos e as curvas de contágio ainda se mantêm elevadas ou não indicam ainda tendência de queda.

“No Rio, é provável que quase 50% da população já tenha contraído a doença. Isso não quer dizer que devemos relaxar. Precisamos manter os cuidados. Hoje o maior problema não é o ambiente de trabalho ou ir votar, mas o sistema de transporte. Como sabemos, nossos ônibus, trens, metrôs aglomeram muitas pessoas. Como no dia da eleição costuma ser um dia mais vazio, não vejo muito problema. Agora em cidades ou regiões onde o contágio ainda é alto, entendo que é preciso redobrar os cuidados. Um idoso, com saúde debilitada ou que tenha algum comorbidade, poderia avaliar o caso de não ir votar”, afirma Migowski.