Macas empilhadas e falta de equipamentos: hospitais de campanha anunciados para a Grande Natal ainda não atendem pacientes de Covid-19

Hospital de campanha de São Gonçalo do Amarante ainda tem equipamentos encaixotados e empilhados nesta sexta-feira (15). — Foto: Mariana Rocha/Inter TV Cabugi

Por Igor Jácome, Mariana Rocha e Geraldo Jerônimo, G1 RN e Inter TV Cabugi — Equipamentos encaixotados, macas empilhadas, mobiliário guardado, salas e corredores vazios. Essa é a cena encontrada no prédio onde deverá ser instalado o hospital de campanha de São Gonçalo do Amarante, cerca de um mês e meio após ter sido anunciado. Em Parnamirim, nesta sexta-feira (15), parte da estrutura estava sendo montada no hospital que está sendo preparado para tratar pacientes do novo coronavírus na cidade, mas ainda falta parte do equipamento e pessoal. A previsão é de que ele entre em funcionamento na próxima semana.

Ambas as estruturas ficam localizadas em cidades da região metropolitana de Natal – uma das áreas do estado com maior pressão por leitos de UTI, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde. Na manhã da quinta-feira (14), 88% dos leitos críticos estavam ocupados. Mas a situação chegou a ser mais grave na semana passada, quando 100% das vagas foram preenchidas. Conforme os últimos dados divulgados, o estado tem mais de 328 pessoas internadas por Covid-19, sem contar os pacientes de outras doenças.

O Hospital de Campanha de São Gonçalo do Amarante segue sem prazo para funcionamento. Já em Parnamirim, a unidade anunciada inicialmente para o final de abril ainda tem perspectiva de abrir na próxima semana. Eles deverão aumentar a estrutura de leitos disponíveis na rede pública de saúde na região metropolitana, que abrange mais de 1 milhão de pessoas.

No Hospital de Campanha de Natal, aberto no início deste mês, ainda não há leitos de UTI e apenas uma parte dos leitos clínicos está em funcionamento. Nesta sexta-feira (15), o município publicou um edital para contratar 228 profissionais temporariamente, depois que o contrato assinado com uma empresa para fornecimento de mão de obra foi suspenso.

São Gonçalo do Amarante

Em março, a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante anunciou que o Centro de Reabilitação construído e que sequer havia sido inaugurado iria funcionar como hospital de campanha por causa da pandemia do novo coronavírus. Uma parceria foi costurada com o Estado: o município cederia o prédio, os equipamentos que já estavam comprados e arcaria com custos de água e energia, enquanto o estado entraria com recursos para contratação de mão-de-obra, entre outros custos.

Além de equipamentos específicos para tratar pacientes de Covid-19, como respiradores, falta a instalação da rede de gases no prédio. Inicialmente, o governo do estado chegou a anunciar 100 leitos, sendo 30 de UTI e 70 de retaguarda. Agora, a perspectiva é abrir pelo menos 50, sendo 20 de UTI e 30 clínicos.

“Como é de conhecimento público, todos os estados do Brasil enfrentam dificuldade na compra de respiradores, insumos e EPIs. E para abrir a unidade, a gestão precisa ter condições de oferecer suporte nesse sentido, além da estrutura física e de pessoal. Diante disso, a Sesap está avaliando todas as possibilidades possíveis para abertura de leitos. Ressalta-se que a viabilidade desse projeto só será possível diante da aquisição de respiradores ou que alguma organização consiga montar os leitos”, afirmou a Secretaria Estadual de Saúde.

Parnamirim

Em Parnamirim, o hospital de campanha deverá ter 41 leitos clínicos e um de estabilização. Há pelo menos 20 leitos mobiliados, mas sem todos os equipamentos necessários para funcionar ainda. A secretária adjunta de Saúde, Jaciara Rangel, afirmou que a expectativa é que a estrutura comece a funcionar na próxima semana.

Um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público foi assinado nesta quinta (14), para que seja lançado um edital para convocar recursos humanos – sendo 52 técnicos de enfermagem e 26 enfermeiros. A previsão, após isso acontecer, será possível receber pacientes.

“A gente está na luta por equipamentos. Os fornecedores estão tendo muita dificuldade de entregar”, explicou.