Por Agora RN — Cerca 20 mil potiguares já devem ter se infectado com o novo coronavírus, aponta estimativa divulgada na última sexta-feira (8) pelo Imperial College de Londres, uma das principais instituições de pesquisa do mundo.
A estimativa do instituto científico, que analisou números de 16 Estados brasileiros, é de que 4,2 milhões de pessoas estejam contaminadas em todo o Brasil.
Ainda de acordo com o estudo, o Rio Grande do Norte tem 0,56% da população contaminada. A margem de confiabilidade da pesquisa é de 95%. Desta forma, o número de potiguares infectados pode estar entre 14,7 mil e 23,7 mil.
Os números do Imperial College são 10 vezes maiores que o atual número de infectados no Rio Grande do Norte. Dados da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) registram 1.930 casos da doença. A disparidade pode estar relacionada com a capacidade da testagem. Até este domingo (10), apenas 7 mil pessoas foram testadas em território potiguar.
A pesquisa do instituto inglês mostra preocupação com a taxa de reprodução do contágio. Os dados mostram que a pandemia continua em aumento exponencial em todos os 16 Estados brasileiros analisados. Segundo os autores, o número de reprodução do Rio Grande do Norte é de 1,18. O número mais alto é observado no Pará, de 1,90.
O Imperial College alerta que a taxa está acima de 1 em todos esses Estados, o que indica que a epidemia ainda não está controlada. O número de reprodução – a medida da intensidade da transmissão – significa que um indivíduo pode outro indivíduo.
O Imperial College ressalta que, mesmo com o número de mortes – 10.6711 óbitos até este domingo (10) –, o Brasil ainda passa por uma fase incipiente da epidemia. Com isso, afirmam os pesquisadores, os gestores públicos têm de adotar ações mais efetivas para o controle da infecção.
“Embora a epidemia brasileira ainda seja relativamente incipiente em escala nacional, nossos resultados sugerem que ações adicionais são necessárias para limitar a propagação e impedir a sobrecarga do sistema de saúde”, escrevem os autores.
O Imperial College é um dos institutos de pesquisa mais conceituados do mundo em modelagem matemática. A instituição, ainda em março, convenceu o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, de que o isolamento social era a única medida possível para evitar um número catastrófico de mortes no país.
Menos de 1% da população passou por testagens da Covid-19
O número de testes de coronavírus contabilizados no Rio Grande do Norte era de 7.240 até o dia 10 de maio, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). O resultado é um índice de testagem de 0,2 a cada 100 mil habitantes. O número mostra como os gestores de saúde estão longe de identificar a real situação da Covid-19 dentro do território potiguar.
O índice de testagem potiguar está abaixo da média nacional, que é de 0,63 testes por 100 mil habitantes, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Ou seja, menos de 1% da população da população foi testada. O Estado tem 3,5 milhões de habitantes.
Do total de testes, 5.584 foram do tipo RT-PCR, através de análise genética, cuja confirmação é obtida através da detecção do RNA do coronavírus (SARS-CoV-2). Outros 1.656 foram testes rápidos. É um análise da resposta imunológica do corpo em relação ao vírus.
De acordo com a Universidade de Oxford, na Inglaterra, que a verificou a capacidade de testagem para a Covid-19 de mais de 100 país, nenhum governo conhece hoje o verdadeiro número de casos de pessoas infectadas com Covid-19. “Tudo o que sabemos é o status da infecção daqueles que foram testados. Todos aqueles que têm uma infecção confirmada em laboratório são contados como casos confirmados. Isso significa que a contagem de casos confirmados depende de quanto um país realmente testa. Sem teste, não há dados”, diz a pesquisa.
No Rio Grande do Norte, os diagnósticos para Covid-19 não são ofertados para toda a população. Segundo a nota técnica da Sesap do dia 28 de março, podem fazer a análise profissionais de saúde, pessoas com diagnóstico de síndrome gripal, idosos (igual ou superior a 60 anos), cuidadores de idosos, pessoa portadora de doença crônica e a população de rua.
A expectativa é de que o Estado recebe uma nova remessa de testes ainda nesta semana. O Ministério da Saúde começou no último dia 3 de maio a distribuição de 20 milhões de testes no país para a chamada “testagem em massa”. Serão priorizadas pessoas do grupo de risco e outras, como profissionais de Saúde e da Segurança Pública.
A metodologia de testagem, segundo ele, está sendo feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O instituto é que vai definir quem vai ser testado.