Por GaúchaZH — Minutos depois de o presidente da República Jair Bolsonaro fazer um pronunciamento com duras críticas a Sergio Moro, o ex-ministro rebateu uma das suas declarações no Twitter. Moro afirmou que a permanência do ex-diretor-geral da Polícia Federal (PF) Maurício Valeixo “nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF”.
“Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF”, declarou Moro.
A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF.
— Sergio Moro (@SF_Moro) April 24, 2020
Em um pronunciamento de 46 minutos, Bolsonaro fez diversas críticas ao ex-ministro. Ele afirmou que Moro pediu que a troca do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, fosse feita em novembro, quando o presidente poderia indicá-lo para a vaga de Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal (STF). Mais cedo, na coletiva em que anunciou a sua demissão, Moro já havia afirmado que nunca houve negociação pela vaga no STF.
Bolsonaro também disse que Moro fez acusações “infundadas” e que o ex-ministro o quer fora da cadeira presidencial.
— Hoje, alguns deputados tomaram café da manhã comigo. Eu lhes disse: “Hoje, vocês vão conhecer quem realmente não me quer na cadeira presidencial. Esse alguém não está no poder judiciário, nem está no parlamento brasileiro”. Não lhes disse o nome. Falei: “Vocês vão conhecê-lo às 11h”. Veio com a cunha — declarou.
Moro pediu demissão do Ministério da Justiça na manhã desta sexta-feira (24), poucas horas depois de a exoneração do agora ex-diretor-geral da Polícia Federal (PF) Maurício Valeixo ser publicada no Diário Oficial da União. Moro afirmou que a exoneração de Valeixo nunca foi assinada por ele.
Depois, Moro falou que Valeixo estava “cansado de ser assediado, desde agosto do ano passado, pelo presidente”, e reiterou que não houve qualquer pedido de demissão e que o decreto de exoneração não passou por ele.
De fato,o Diretor da PF Maurício Valeixo estava cansado de ser assediado desde agosto do ano passado pelo Presidente para ser substituído.Mas,ontem,não houve qualquer pedido
de demissão,nem o decreto de exoneração passou por mim ou me foi informado.https://t.co/zadUXo3J4P— Sergio Moro (@SF_Moro) April 24, 2020
Enquanto acontecia o pronunciamento de Bolsonaro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu um inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar os fatos narrados e as declarações feitas pelo então ministro da Justiça.
O pedido da PGR, autuado no STF sob o número INQ 4.829, aponta a eventual ocorrência, em tese, dos crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.
“A dimensão dos episódios narrados revela a declaração de ministro de Estado de atos que revelariam a prática de ilícitos, imputando a sua prática ao presidente da República, o que, de outra sorte, poderia caracterizar igualmente o crime de denunciação caluniosa”, aponta o procurador-geral.