‘Não acreditavam que eu voltasse’, diz homem que teve 5 paradas cardíacas durante internação por coronavírus no RN

Joelson Bezerra ficou 12 dias em coma na UTI em hospital de Natal — Foto: Reprodução

Por Leonardo Erys, G1 RN — Joelson Bezerra, de 47 anos, recebeu alta e deixou na última segunda-feira (13) um hospital particular da Zona Leste de Natal emocionado e sob aplausos dos funcionários e da equipe médica. Ele, que é hipertenso e diabético, passou 18 dias internados – 12 deles em coma na UTI – por conta do novo coronavírus.

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Pertencente a dois grupos de risco, que agravaram o quadro clínico, ele contou que quando despertou do coma após o tratamento recebeu visita de todos os médicos do hospital. “Todos os médicos foram me visitar porque não acreditavam que eu voltasse, porque o quadro não evoluía. No 12º dia eu evoluí e acordei”, contou.

Joelson é funcionário da Câmara Municipal de Natal e sentiu os primeiros sintomas da doença no mês de março. No dia 27, ele deu entrada no hospital com dores muito fortes no peito e um cansaço.

“Eu comecei a sentir um cansaço como se tivesse corrido uma maratona. Imagine se afogar no seco. Eu tentava respirar e não conseguia. E aí eu senti uma dor muito forte no peito. Minha esposa escutou o meu gemido e decidimos ir para o hospital”, contou Joelson, que foi entubado já naquele dia.

“Ele não tinha boas expectativas. O quadro dele inspirava risco mesmo. Ele chegou ao hospital quase sem respirar naquele momento”, contou a mulher dele, Auxiliadora Barroso.

“Foi um momento muito complicado. Pelo quadro, eu achei que ele não viveria. Vou te dizer que eu cheguei em casa no dia 27 só esperando o telefone tocar. O que aconteceu foi um milagre. E eu preciso agradecer a todo o trabalho do hospital e da equipe de saúde nesse período”.

Segundo os médicos relataram a Joelson, a hipertensão e a diabetes tipo 1 fizeram o quadro clínico dele se agravar. “Quando eu acordei, que eu tomei a consciência, eu tive uma sensação bem estar. Porque eu estava vivo. Chorei muito, mesmo sem saber o que eu tinha”, contou. Ele foi comunicado de que teve o coronavírus quando deixou a UTI e foi encaminhado para o apartamento.

Joelson, que ainda teve uma tuberculose em decorrência da Covid-19, relatou que teve dificuldades de andar e até de falar. “Eu não tinha coordenação motora. Percebia que meu cérebro mandava a mensagem, mas eu não conseguia reagir”.

No momento em que recebeu alta e estava deixando um hospital, ele recebeu uma surpresa da equipe médica e de funcionários do hospital. Eles se reuniram em um corredor para cantar uma música em mensagem de apoio a Joelson e o aplaudiram.

“Eu não sou um cara emotivo, de verdade. Mas me emocionei com o calor das pessoas, com o carinho. Eu só conhecia os enfermeiros, os médicos e o fisioterapeuta. Mas ali estavam vários funcionários, gente da área administrativa, que eu nunca vi. E eu percebi que todos estavam torcendo por mim, que eles se perguntavam diariamente de como estava minha situação”.

A mulher dele chegou a apresentar sintomas semelhantes da doença, como ter dificuldades na respiração e até perder o olfato. Ela procurou um médico, foi medicada e se recuperou. O teste para Covid-19 dela deu negativo.

“Tive também momentos de muita dificuldades. Já não podia o visitar pelas restrições e só recebia atualizações pelo celular. R ainda sentia alguns sintomas como alguns apertos no peito que pareciam que ia faltar ar. Me segurei com videochamadas e orações de amigos e parentes”, falou Auxiliadora.

Recuperado da Covid-19, Joelson vai seguir isolado em casa por mais dois meses. “Eu não estou contaminando ninguém, mas minha imunidade está muito baixa. Então uma simples doença pode se agravar em mim”, falou.

Neste momento, no entanto, ele quer aproveitar mais a sensação de bem estar. “Poder olhar pela janela me mostra que estou bem, estou vivo”.