Marcelo Odebrecht diz que soube de contratos com sobrinho de Lula ‘só depois’

Delator prestou depoimento nesta 2ª feira — Foto: Ricardo Stuckert/PT.

Por Poder 360 — O empresário Marcelo Odebrecht voltou a prestar depoimento à Justiça Federal nesta 2ª feira (7.out.2019). Ele é testemunha em processo em que o ex-presidente Lula é réu por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. Na ocasião, falou sobre a contratação de empresa do sobrinho de Lula, Taiguara Rodrigues dos Santos, pela empreiteira na Angola.

Ele disse que nunca negociou diretamente com Lula sobre o assunto e que só ouviu falar, por meio de 1 diretor da Odebrecht na Angola, que houve 1 pedido do ex-presidente para subcontratar o sobrinho dele naquele país. Em seguida, os contratos entre as empresas teriam sido rescindidos.

“Eu não tive nenhuma relação nesse assunto da contratação do sobrinho e, o que eu soube, soube depois. E como também não era responsável pela relação com o presidente Lula, na verdade, nem constava nos meus anexos”, declarou.

“Tempos depois, eu soube do Alexandrino [Alencar, diretor da empreiteira] que houve novo pedido de acordo por conta das dificuldades que o sobrinho [de Lula] estava tendo com a rescisão dos contratos e tudo mais. Como eu já sabia do caso anterior, eu desincentivei o Alexandrino a fazer qualquer tipo de acordo. Aí eu não sei se foi feito algum tipo de acordo nesse segundo momento”, continuou o delator.

Marcelo disse que, mais tarde, “coincidentemente” ouviu falar que o acordo foi feito. “Acho que foi 1 advogado meu que me falou, durante a colaboração, que ele tinha feito algum tipo de acordo nesse 2º momento, mas eu não tenho como dizer, eu não sei quando nem por quem eu soube isso”, declarou.

Durante o depoimento, o juiz responsável negou pedido da defesa de Lula para impedir o depoimento de Marcelo. Os advoogados do ex-presidente alegaram que o empreiteiro teria interesse “no desfecho da demanda em desfavor dos acusados, o que macularia a espontaneidade do depoimento”.

OUTROS TEMAS
Veja outros assuntos relatados pelo delator:

superfaturamento na Odebrecht: “Eu não posso assegurar que uma ou outra obra tenha sido contratada de forma superfaturada, no Brasil ou no exterior”;

governo de Dilma Rousseff (PT): segundo ele, Lula não tinha influência no governo de sua sucessora porque ela era “extremamente difícil de lidar“;

Instituto Lula: “O Instituto Lula era uma romaria de empresários. Na verdade, havia 1 descontentamento enorme da classe empresarial como 1 todo com o rumo que estava tomando o governo da presidente Dilma”;

palestras de Lula: “O presidente Lula era uma pessoa que tinha uma imagem bastante positiva em vários países que a gente atuava. E portanto, ao contratar ele e levar ele para uma palestra, não deixava de ser 1 trabalho de relações públicas. Então, havia sim, tanto 1 interesse de ter 1 trabalho de relações públicas, quanto o interesse de, de algum modo, ajudar o Instituto Lula”.