Temer diz que trabalhou ‘pela inexistência do impeachment’ e aconselhou Cunha

Michel Temer afirmou que qualquer impedimento é "trauma para o País"— Foto: Reprodução.

Por Jovem Pan — Michel Temer, que assumiu a presidência após o impeachment de Dilma Rousseff, voltou a afirmar que não agiu em favor da interrupção do mandato da petista. Em entrevista exclusiva a Victoria Abel para Jovem Pan, ele classificou o processo como “um trauma para o País”.

“Não fui favorável e confesso que cheguei a trabalhar, muito discretamente, pela inexistência do impeachment. Porque eu tenho mais do que nunca a visão absoluta de que qualquer impedimento presidencial é um trauma para o país, como foi, devo dizer”, analisou Temer.

O ex-presidente ainda fez a ressalva de que, segundo o próprio, teve “a competência de ignorar o que estava acontecendo e tocar o Brasil para frente” uma vez que Dilma sofreu de fato o impeachment.

Quando questionado sobre seu relacionamento próximo a Eduardo Cunha, Temer contou que conversou com o então presidente da Câmara e o aconselhou a “não levar essas coisas adiante”, porque, de acordo com ele, “criaria um problema para o país”.

“Mas as movimentações populares, as movimentações dos deputados e senadores o levaram a abrir o procedimento de impeachment”, completou.

Temer ainda disse que se manteve afastado das discussões sobre o impeachment. “Até por uma razão singela: o vice é sempre o primeiro suspeito. Portanto em nenhum momento cuidei desta questão do impedimento.”

“[Recebi] um telefonema do ex-presidente Lula para mim que tentava fazer com que o MDB não apoiasse o impeachment. E tive conversas com ele nessa direção. Jamais trabalhei pelo impeachment. Ele veio e aí, evidentemente, em razão do texto constitucional, assume o vice-presidente e foi o que aconteceu”, concluiu o ex-presidente.