Carlos Bolsonaro é investigado por suspeita de contratação de ‘funcionários fantasmas’

Em rede social, Carlos Bolsonaro disse estar 'tranquilo e despreocupado' — Foto: Reprodução.

Por Jornal Nacional — O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) está investigando a suspeita de contratação de “funcionários fantasmas” no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Durante boa parte dos cinco mandatos como vereador, Carlos Bolsonaro deu emprego à ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, e outros sete parentes dela.

Por essa razão, o MPRJ investiga oficialmente indícios de que eles eram “funcionários fantasmas”.

O MP também quer saber se no gabinete de Carlos Bolsonaro havia a pratica da “rachadinha”, que é a devolução de parte dos salários dos funcionários para quem exerce o mandato.

São duas investigações paralelas: uma é a investigação criminal, que está nas mãos do procurador-geral de Justiça do estado, Eduardo Gussem.

E há também o procedimento cível, que apura se houve improbidade administrativa, que está nas mãos da Promotoria de Defesa da Cidadania do MPRJ.

A revista Época confirmou a existência dos procedimentos, que correm em segredo de justiça. A base da investigação é uma reportagem da própria revista, publicada em junho deste ano.

Na época, foi revelado que, embora a atuação de um vereador seja na esfera municipal, vários desses funcionários de Carlos Bolsonaro nunca moraram no Rio de Janeiro. E eles nem sequer tinham crachá para entrar no prédio da Câmara dos Vereadores, no Centro do Rio.

O casal Guilherme e Ananda Hudson, e uma cunhada, Monique Hudson, moravam, e trabalhavam ou estudavam em Resende, no interior do Rio, a 168 quilômetros da capital.

Marta Valle morava além da divisa do estado, em Juiz de Fora, Minas Gerais, a 185 quilômetros da Câmara. Gilmar marques vivia mais longe ainda, em Rio Pomba, a 272 quilômetros do gabinete.

A professora Marta Valle, cunhada de Ana Cristina Valle, passou sete anos e quatro meses como funcionária oficial do gabinete, recebendo um salário bruto de R$ 17 mil. A docente disse à revista Época que nunca trabalhou na Câmara.

Marta: Eu não trabalhei em nenhum gabinete, não.

Repórter: Não?

Marta: A minha família que trabalhou, mas eu não.

Outro funcionário, Gilmar Marques, ex-cunhado de Ana Cristina Valle, disse à revista que não se lembrava de ter trabalhado no gabinete de Carlos Bolsonaro. Perguntado sobre o salário de R$ 14 mil, Gilmar respondeu à repórter:

“Meu Deus do céu. Ah, moça, você está me deixando meio complicado aqui. Eu ganhava? Isso aí você deve estar enganada”, afirmou.

Dois parentes de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, quando ele era deputado estadual, também trabalharam para Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores.

O jornal Estado de São Paulo revelou, em junho, que Claudionor Gerbatim de Lima e Márcio da Silva Gerbatim passaram o período em que estavam lotados no gabinete de Carlos Bolsonaro sem ter a presença atestada pelo sistema da Câmara.

Nesta semana, Carlos Bolsonaro tirou uma licença não remunerada da Câmara municipal. Em uma rede social, ele disse que o objetivo é acompanhar o pai no hospital.

Numa rede social, o vereador Carlos Bolsonaro escreveu está “tranquilo e despreocupado”. A TV Globo não conseguiu entrar contato com o vereador.