Justiça converte em preventiva prisão de Ex-Executivo, alvo da 63ª fase da Lava Jato

Ex-executivo da Odebrecht foi preso temporariamente na terça-feira (21), quando foi deflagrada a operação — Foto: Marcelo Gonçalves/Sigmapress/ Estadão Conteúdo.

Por G1 — A 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba converteu em preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, a prisão do ex-executivo da Odebrecht Maurício Ferro, alvo da 63ª fase da Operação Lava Jato.

A conversão da prisão havia sido solicitada pelo Ministério Público Federal (MPF) na sexta-feira (23), e foi aceita pela Justiça neste sábado (24), conforme confirmado pela defesa de Maurício Ferro.

O ex-executivo foi preso em São Paulo, na terça-feira (21), quando foi deflagrada esta fase da operação. Depois, ele foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.

A ação busca identificar beneficiários finais de R$ 118 milhões pagos pela Braskem por meio de setor de propinas da Odebrecht, entre 2005 e 2013, para a edição Medidas Provisórias.

A mando de Maurício Ferro, a Braskem pagou R$ 78 milhões ao advogado Nilton Serson, segundo o MPF. Os pagamentos foram feitos por meio de 18 contratos fictícios de advocacia.

Na casa de Ferro, conforme a Polícia Federal (PF), foram apreendidas chaves de criptografia que podem dar acesso a pastas do sistema de propina da Odebrecht com conteúdo até então desconhecido pelos policiais.

Maurício Ferro, Bernardo Gradin, ex-presidente da Braskem, e o ex-ministro Guido Mantega são réus no processo.

O advogado Nilson Serson também foi alvo de um mandado de prisão temporária na deflagração da operação, mas está nos Estados Unidos.

Outro lado

Gustavo Badaró, advogado de Maurício Ferro, informou que a defesa considera o decreto de prisão desnecessário e ilegal, que pretende impetrar habeas corpus junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e que confia que a prisão preventiva será revogada.

“Não há relação de contemporaneidade entre os fatos apontados na investigação e a prisão”, segundo o advogado.

Ainda conforme a defesa, “Mauricio Ferro já está desligado do Grupo Odebrecht desde março de 2019. Todos os valores que possui, no Brasil e no exterior, são regulares e de conhecimento das autoridades”.

Na data da deflagração da operação, a Braskem afirmou que tem colaborado e fornecido informações às autoridades competentes como parte do acordo firmado em dezembro de 2016. A empresa disse que “vem fortalecendo seu sistema de conformidade e reitera seu compromisso com a atuação ética, íntegra e transparente”.

Ainda na terça-feira, a Odebrecht informou que tem colaborado de forma permanente e eficaz com as autoridades, em busca do pleno esclarecimento de fatos do passado.

O advogado de Guido Mantega, também na data da deflagração, afirmou que a operação é muito importante para a defesa do ex-ministro, “porque vai ajudar a provar que ele nunca recebeu um centavo da Odebrecht ou de quem quer que seja”.