RN reduz casos de dengue, zika e chikungunya, mas tem 97 municípios com risco de surto

Mosquito Aedes aegypti — Foto: Rodrigo Méxas e Raquel Portugal/Fundação Oswaldo Cruz/Divulgação

Por Igor Jácome, G1 RN — Na contrapartida do país, que teve aumento de 339,9% nos casos de dengue, o Rio Grande do Norte contou com redução de 36,5% de registros desde o início do ano até a metade de abril. Apesar disso, o estado ainda tem 97 municípios com risco de surto, de acordo com o Ministério da Saúde. Outras 54 cidades estão em alerta, por causa do índice de infestação.

De janeiro ao dia 15 de abril, foram registrados 3.239 casos de dengue no estado, contra 5.103 no mesmo período do ano passado. Os índices ficaram em de 93,1 para cada 100 mil habitantes. No Brasil todo, o número de casos prováveis saltou de 102.681 em 2018 para 451.685 em 2019.

Segundo o coordenador geral dos Programas Nacionais de Controle e Prevenção da Malária e das Doenças Transmitidas pelo Aedes, Rodrigo Said, mesmo com a redução de casos suspeitos, é preciso cuidado da população e das autoridades potiguares, principalmente a partir do período de chuvas, que está começando.

“Em relação ao quantitativo de município, o Rio Grande do Norte é o estado nacional com maior proporção de municípios em situação de risco. E o período de chuvas se acentua a partir de agora. Caso a gente tenha uma circulação da dengue do sorotipo 2, isso pode aumentar muito os índices. O cenário é de atenção”, ressalta.

Cerca de 85% dos casos suspeitos de dengue no país são do sorotipo 2, neste ano, de acordo com o médico. O coordenador explica que esse sorotipo não circulava tanto nos anos anteriores. Com o aumento dele, a possibilidade de surto aumenta.

Zika e chikungunya

O RN teve uma redução ainda maior quando se trata dos casos de zika, que teve queda de 76,5% entre janeiro e o dia 30 de março. Foram 36 casos no primeiro trimestre do ano, contra 153 no mesmo período do ano passado. No mesmo período, por outro lado, o país teve aumento de 2,8%, por ter passado de 3.001 para 3.085 casos.

Apenas nos casos de chikungunya, o país conseguiu reduzir os índices (- 36,3) de janeiro a 15 de abril, passando de 37.874 casos para 24.120. O Rio Grande do Norte também teve redução, porém menor. Foram 434 no ano passado para 392 neste ano – uma queda de -9,7%.

Índices

Os dados do estado correspondem às informações de 162 municípios potiguares que responderam ao Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) de 2019.

Desse total, 11 estão com nível satisfatório de infestação, 54 estão em alerta e 97 em risco.

São considerados municípios em risco aqueles que têm o índice de infestação predial superior a 3,9%. Quando contam com índices de 1% e 3,9%, eles são considerados em alerta. Apenas abaixo de 1% o município é classificado com índice satisfatório.

A capital potiguar foi uma, entre apenas três, no país, cujos dados não foram levantados pelo LIRAa, mas através de armadilhas. De acordo com o Ministério da Saúde, essa metodologia é utilizada quando a infestação do mosquito é muito baixa ou inexistente no local. Dos mais de 5 mil municípios pesquisados, apenas 256 usaram esse sistema.

O Ministério da Saúde alertou que o sistema de vigilância de estados e municípios e toda a população devem reforçar os cuidados para combater o mosquito. No país, são quase mil cidades em risco de surto.

“O resultado do LIRAa confirma o aumento da incidência de casos de dengue em todo o país que subiu 339,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Esses resultados indicam que é preciso fortalecer ainda mais as ações de combate ao mosquito transmissor, com a participação da população e de todos os gestores locais e federal”, afirma o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber. “Mesmo com aumento no número de casos da doença, a taxa de incidência de 2019 está dentro do esperado para o período. Sendo assim, até o momento, o país não está em situação de epidemia, embora possa haver epidemias localizadas em alguns municípios e estados”, reforça.

Combate

De acordo com o Ministério da Saúde, as ações de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti são permanentes e tratadas como prioridade. Todas as ações são gerenciadas e monitoradas pela sala nacional de coordenação e controle para enfrentamento do Aedes, que atua em conjunto com outros órgãos, como o Ministério da Educação; da Integração, do Desenvolvimento Social; do Meio Ambiente; Defesa; Casa Civil e Presidência da República. A Sala Nacional articula com as salas estaduais e municipais (2.166) as ações de mobilização e também monitora os ciclos de visita a imóveis urbanos no Brasil.

A metodologia do LIRAa, ainda de acordo com a pasta, permite identificar onde estão concentrados os focos do mosquito em cada município, além de revelar quais os principais tipos de criadouros predominantes.

O armazenamento de água no nível do solo (doméstico), como tonel, barril, foi o principal tipo de criadouro no país, seguido dos depósitos móveis, caracterizados por vasos/frascos com água, pratos e garrafas retornáveis. Por último, depósitos encontrados em lixo, como recipientes plásticos, garrafas PET, latas, sucatas e entulhos de construção, sendo passíveis de remoção.