‘Precisa ser mais homem que eu para me derrubar’, diz Ciro Gomes

Pré-candidato do PDT ao Planalto criticou o hábito de se pedir o impeachment de um presidente (Foto: © Adriano Machado / Reuters)

O pré-candidato do PDT à sucessão presidencial, Ciro Gomes, criticou nesta quinta-feira (26) o hábito de se pedir o impeachment de um presidente quando não se concorda com a sua política de governo.

Em discurso a uma plateia de vereadores, ele disse que, caso seja eleito, não será fácil retirá-lo do comando do Palácio do Planalto, já que não é como a ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu impedimento em 2016.

“Não vai ser fácil não [me derrubar], porque eu não sou a Dilma Rousseff, eu sou do ramo. Você acha que um marginal como [o ex-presidente da Câmara dos Deputados] Eduardo Cunha me derrubaria? É preciso ser muito mais homem que eu para me derrubar”, disse.

Segundo ele, a tentativa de se retirar mandatários do Poder Executivo já está “escrita na história do país” e é necessário um presidente com força política, apoio popular e que retome a confiança da sociedade na democracia.

“Se não tivermos apoio aqui embaixo, eles vão derrubar o terceiro, o quarto e o quinto [presidentes]. Isso está escrito neste país enquanto não virarmos o jogo”, afirmou.

Ele lembrou que, desde a queda de Fernando Collor, são protocolados pedidos de impeachment contra presidentes em exercício e que foi contra, por exemplo, quando Luiz Inácio Lula da Silva apresentou solicitação para a saída de Fernando Henrique Cardoso.

“O impeachment derrubou uma presidente honrada, embora estivesse fazendo um governo que eu achava muito ruim, mas respeito quem pensa diferente”, disse.

Ciro participou de evento da 16ª Marcha dos Vereadores, em Brasília. No discurso, sem citar nomes, disse que integrantes do Poder Judiciário que dão muitas entrevistas deixaram de fazer justiça para fazer política.

Para ele, o ativismo judiciário ocorre quando os Poderes Executivo e Judiciário entram em colapso e deixam um espaço público. “O poder não aceita o vácuo. Se ele não é exercido por alguém, outro o exerce”, disse.

Ele criticou o discurso de desmoralização do Poder Legislativo e disse que, na época que era deputado federal, apenas um terço do Câmara dos Deputados era formado por “batedores de carteira, estupradores, assaltantes e gente da pior categoria”.

“O outro terço é de gente muito séria e muito competente. E o outro terço é de sobreviventes, pessoas que jogam o jogo do Poder Executivo”, disse.