Medo de ficar sem foro privilegiado força Robinson Faria a tentar reeleição

Governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Do Rede News 360 – Robinson Faria (PSD) se elegeu em 2014 prometendo que seria o “governador da segurança” e se gabando por ser ficha limpa quando seu principal oponente na disputa, o então deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB) já era envolvido em escândalos de corrupção, como o caso “Bode Galeguinho”.

Então vice-governador, Robinson citava incessantemente os escândalos envolvendo Henrique, atacava o governo Rosalba e apresentava em seu mirabolante Plano de Governo o programa “Ronda Cidadã” – hoje fracassado – como a “solução” para todos os problemas da área da Segurança Pública do Rio Grande do Norte.

A falsa imagem de “bom samaritano” e de “paladino da moral” foi muito bem vendida pelos mais conceituados marqueteiros do mercado. De virada, Robinson derrotou o ‘acordão’, contando, inclusive, com apoios decisivos em Mossoró, segundo maior colégio eleitoral potiguar, onde atualmente ele implora por um pouco de atenção da classe política.

Quando candidato, Robinson dizia reiteradamente que o problema do Rio Grande do Norte não era falta de recursos, mas sim falta de um gestor e que ele seria esse gestor. Não foi, não está sendo, tampouco demonstra capacidade mínima para tanto.

Tão logo teve início o governo Robinson, de forma muito conveniente para quem de fato é incapaz, a palavra “crise” passou a dominar os discursos dos chefes dos Poderes executivos por todo o Brasil – inclusive o de Robinson -, os quais seguem apegados a tal discurso como forma de tentar justificar seus insucessos à frente de Estados e Municípios.

A crise financeira realmente existiu e castigou o Pais. O Rio Grande do Norte teve sim consideráveis perdas em suas arrecadações. Mas quem dera Robinson Faria que seus problemas se resumissem às dificuldades encontradas na missão de governar o Rio Grande do Norte, especialmente diante dos efeitos da tão propagada crise.

O fato é que Robinson chega em 2018 com o discurso de 2014 destroçado, não por causa da crise financeira que o País atravessou, não por falta de apoio político – situação que ele também enfrenta -, nem mesmo devido ao caos na Saúde e na Segurança Pública, mas sim devido aos “fantasmas” – leia-se escândalos – que o seguiram desde à Assembleia Legislativa e se juntaram com outros mais recentes, oriundos do seu atual governo.

“Dama de Espadas”, “Anteros” e “Lava Jato” são as três principais investigações em curso, nas quais delações de pessoas próximas colocaram o governador Robinson na mira da Justiça, de forma que somente devido ao famigerado foro privilegiado o qual o cargo lhe confere, ele ainda permanece em liberdade.

A insistência de Robinson em querer levar adiante seu inviável projeto de reeleição na verdade não se trata de um desejo insano de continuar tentando deixar um legado em sua passagem desastrosa pelo comando do Executivo estadual, é que ele tem certeza de que tão logo fique sem o foro privilegiado será alcançado pela Justiça.

Aquele que em 2014 se gabava por ser ficha limpa já coleciona envolvimentos em escândalos muito mais graves do que o caso “Bode Galeguinho”, o qual ele explorou bastante para derrotar Henrique. Com seu governo desaprovado por mais de 80% da população norte-rio-grandense, Robinson é investigado por crimes como peculado, usura, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Situação de Robinson junto à AL

Nos próximos dias a Assembleia Legislativa deverá apreciar as contas do Governo Robinson, as quais foram reprovadas por unanimidade pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Além das contas, também tramitam na casa legislativa um pedido de impeachment, protocolado pelo vereador natalense Sandro Pimentel (PSOL), bem como um pedido de investigação do governador, enviado pela Procuradoria Geral da República.

Diante do distanciamento de vários deputados estaduais que em outrora deram sustentação ao Governo na AL, especialmente da ampla bancada do PSDB, composta por 8 (oito) parlamentares, Robinson teme que o Legislativo o torne inelegível ou até mesmo casse seu mandato. Já a população norte-rio-grandense não aposta em tais possibilidades, pois acredita que alguns parlamentares tenham o “rabo preso” com o governador e que, por isso, as decisões a serem tomadas ainda serão favoráveis a Robinson.