PM filma paisagismo em Alcaçuz e reclama das condições de trabalho nas guaritas

SEJUC disse que o gramado e as palmeiras plantados em Alcaçuz foram doações, e que o serviço foi uma ocupação para os presos (Foto: SEJUC/Divulgação)

Por Anderson Barbosa, G1 RN

Do alto de uma guarita, a surpresa e a cobrança: “Tá de guerra que tão colocando gramado em Alcaçuz. Não, peraí, homi… quanto não saiu uma licitação dessa, né? Um gramado com palmeira e tudo, que é para o presídio ficar bem arborizado, uma coisa bonita. Agora, a guarita do guariteiro é isso aqui… Não tem nem porta. Isso aqui eu não consigo nem ver direito quem tá correndo à noite” (SIC).

O vídeo, gravado por um policial militar que trabalha na guarda externa da penitenciária, começou a circular nesta semana nas redes sociais (VEJA VÍDEO ABAIXO). Além de mostrar o plantio de um gramado e palmeiras na área interna da unidade, as imagens também revelam as condições precárias das guaritas. Ao redor de Alcaçuz, são 10 torres de vigilância. Todas, praticamente com os mesmos problemas: infiltração, falta de portas, vidraças quebradas ou com pouca visibilidade, assoalho sem tampa de segurança, mofo e sujeira.

SEJUC disse que o gramado e as palmeiras plantados em Alcaçuz foram doações (Foto: Reprodução/WhatsApp)

Maior penitenciária do Rio Grande do Norte, Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal. Foi lá, em janeiro do ano passado, que 26 presos foram mortos e mutilados durante um confronto envolvendo membros de duas facções criminosas rivais. Alguns dos mortos foram decapitados. Outros, tiveram os corpos completamente carbonizados. Dezesseis ainda são considerados ‘sumidos’.

Em nota, a Secretaria de Justiça e da Cidadania (SEJUC) disse que a penitenciária vem passando por reestruturação desde o fim da rebelião de 2017, e que o objetivo é transformar a unidade modelo para o país. “Dentro deste processo já foram investidos mais de 3 milhões de reais na reforma dos pavilhões destruídos em janeiro do ano passado. A segunda etapa da recuperação continua e já estão em andamento os processos para os setores administrativos, médico, de veículos, segurança máxima, pavilhão 4 e guaritas”, afirmou.

Sobre o paisagismo, a Sejuc afirmou que a grama e palmeiras são provenientes de uma doação. “Sua instalação vem sendo feita utilizando mão de obra de internos, ou seja, não há qualquer tipo de custo para os cofres públicos”.

A secretaria também ressaltou que “o projeto de implantação verde integra os planos da SEJUC para humanizar o ambiente penitenciário (tanto para os apenados quanto para os agentes), além de ocupar os presos, o que contribui para o processo de recuperação. Há previsão, ainda, de instalação de uma horta, cuja produção será consumida na própria unidade; além de arborização de canteiros”.

Bloqueadores desligados

Ainda de acordo com a SEJUC, os bloqueadores de sinal de celular instalados em Alcaçuz em 2016 estão desligados “por não haver necessidade de sua utilização”, e que “há outra modalidade de verificação eletrônica que comprova não existirem mais celulares na unidade”.

SEJUC diz que há outra modalidade de verificação eletrônica que comprova não existirem mais celulares na unidade (Foto: Reprodução/WhatsApp)