Por que o preço do botijão varia de R$ 45 a R$ 115 no país

Botijão de 13 quilos custa, em média, 94,80 reais em Mato Grosso. O mesmo produto na Bahia sai por 59,24 reais (Pedro Ventura/Agência Brasília/Divulgação)

Por Letícia Fuentes e Marcelo Soares
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O preço do botijão de gás, um dos custos domésticos que mais aumentaram em 2017, mais do que dobra de Salvador, na Bahia (45 reais), para Alta Floresta, em Mato Grosso (115 reais) – um salto de 155% do menor preço encontrado no Estado mais barato ao maior do mais caro. Entre os fatores que interferem na composição do custo final está o valor de venda do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP, popularmente conhecido como gás de cozinha) da Petrobras na refinaria.

Mesmo assim, o valor do gás que sai da refinaria representa menos da metade (46%) do total que o consumidor paga antes de levar o botijão para casa, segundo Fábio Gallo, professor de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV). As outras parcelas são compostas, basicamente, por impostos, margem de distribuição e de revenda.

No caso dos impostos, o ICMS (sigla para Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é o que tem o maior peso. Normalmente, quanto maior o valor cobrado em tributos, mais caro tende a ser o gás. Ainda assim, em Mato Grosso, onde se vende o botijão mais caro do país, o ICMS está na faixa dos 12%, segundo dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás). É a mesma alíquota cobrada na Bahia, que tem o botijão mais barato do país. Nesse caso, a disparidade nos preços finais é resultado de diferenças nas margens de distribuição e revenda – e tem uma explicação geográfica.

“As distribuidoras vendem muito mais do que o produto”, afirma Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás. “Elas também estão vendendo a embalagem e toda a logística necessária para levar o GLP até um determinado local. É muito mais caro você levar o gás até o Mato Grosso – onde a densidade populacional é muito pequena, as distâncias são muito grandes, o transporte sai muito caro e, ainda, existe menos gente para comprar o produto – do que para outros estados.”

Segundo ele, o preço do GLP pode variar não só entre os estados brasileiros, mas também entre as cidades e até entre diferentes postos de um mesmo município – ainda mais do que o que ocorre com a gasolina. Isso porque, ao contrário de outros serviços, o gás de cozinha é fornecido por várias distribuidoras e revendedoras que podem cobrar mais caro ou mais barato pelo serviço, dependendo dos gastos que elas têm e até do lucro que planejam conseguir.

Os menores preços, por sua vez, estão em regiões mais populosas, onde há mais opções de compra e o mercado é mais competitivo. O botijão mais barato do Brasil está na Bahia, onde ele custa, em média, 59,24 reais.