PT adota rito protocolar para referendar chapa Lula-Alckmin

PT referendou, nesta quarta-feira (20), a indicação do ex-governador de São Paulo para a vice na chapa — Foto: © Getty

FOLHAPRESS – Palco de acalorados debates, o Partido dos Trabalhadores adotou rito protocolar para referendar a chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) à Presidência nas eleições de outubro.

Sem a participação de Lula e em votação virtual, o PT referendou, nesta quarta-feira (20), a indicação do ex-governador de São Paulo para a vice na chapa.

Nesta quinta (21), a convenção nacional da sigla se limitará a uma reunião da executiva nacional do partido. Depois dela, ocorrerá a convenção da federação entre os partidos PT, PC do B e PV, composta por 18 integrantes. Lula também não comparecerá –ele cumpre agendas em Pernambuco.

O roteiro destoa da convenção de 2002, quando a homologação da chapa Lula-José Alencar contou com a participação de cerca de duas mil pessoas. Filiado ao PL, José Alencar chegou a ser vaiado por militantes contrários à aliança.

Orçado em 160 mil, o evento de 20 anos atrás foi organizado pelo publicitário Duda Mendonça, em um centro de convenções de São Paulo. Lula discursou por cerca de 50 minutos.

Nesta quinta-feira, a convenção petista deverá durar cerca de duas horas, em um hotel do centro de São Paulo. O partido deverá deixar uma brecha para eventuais alianças de última hora.

O ex-presidente prestigiará a convenção nacional do PSB, no próximo dia 29, que aprovará a escolha de Alckmin para a vice.

No encontro desta quarta, os delegados do PT se manifestaram sobre o seguinte texto: “O 16º Encontro Nacional referenda as decisões do diretório nacional sobre política de alianças, a candidatura de Lula para presidente, Alckmin para vice-presidente e delega para a direção nacional os demais encaminhamentos com relação às eleições de 2022”.

Dos 800 delegados que estavam inscritos para participar do encontro nacional do PT, compareceram 635. Desse total, 599 votaram pela indicação da chapa, 34 contrários e 2 abstenções.

O encontro endossou a política de alianças definida pelo diretório nacional do partido em reunião em abril, que por 68 votos a favor e 16 contrários aprovou a indicação do ex-tucano.

Os participantes podiam registrar suas opiniões em chat da plataforma virtual. Não cabiam emendas ao texto.

Integrante da corrente interna Articulação de Esquerda e um dos críticos da indicação de Alckmin, Valter Pomar, se manifestou afirmando que o encontro realizado é “pró-forma”, onde os delegados “além de ouvir discursos, se limitarão a homologar uma resolução aprovada” pelo diretório da legenda.

Ainda nesta quarta, o PT aprovou uma resolução sobre o momento atual do Brasil.

No texto, a legenda faz críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e afirma que irá responder “aos ataques do bolsonarismo, à escalada da violência política e do discurso de ódio” com presença da campanha nas ruas, nas redes e nos comícios de Lula.

“Bolsonaro deixa cada vez mais claro que não é apenas um adversário eleitoral, mas um inimigo da democracia e das liberdades, que planeja manter-se no poder, mesmo que isso custe quebrar o país, pela inviabilização fisiológica dos orçamentos públicos, rasgar a Constituição, agredir as instituições e romper o Estado democrático de Direito”, diz o texto.

A resolução diz também que o “mundo assistiu estarrecido” à reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros no Palácio do Alvorada na última segunda (18).

Na reunião, o presidente repetiu da conspiração sobre urnas eletrônicas, desacreditou o sistema eleitoral, promoveu novas ameaças golpistas e atacou ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Três dias depois de Lula se reunir com dirigentes do MDB, a resolução divulgada pelo PT afirma que um golpe sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) –atribuído ao emedebista Michel Temer– interrompeu um ciclo de avanços econômicos e sociais.

O texto critica ainda a privatização da Eletrobrás, o desmatamento da Amazônica e “crimes contra o meio ambiente e quem os denuncia”, citando o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.

O documento também cita o assassinato do petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (Paraná), e afirma que o crime é “mais um atentado bolsonarista”.