Forró, churrasco, festa de aniversário: população vira a noite à espera da sangria do açude Gargalheiras

Moradores de Acari e região Seridó fazem festa à espera da sangria do Açude Gargalheiras — Foto: Anthony Medeiros
Moradores de Acari e região Seridó fazem festa à espera da sangria do Açude Gargalheiras — Foto: Anthony MedeirosPopulação passa noite à espera de sangria de açude no RNAçude Gargalheiras em 2 de abril de 2024 — Foto: Hugo Andrade/Inter TV CabugiHomem em rede perto da parede do açude Gargalheiras, em Acari — Foto: Matheus Menezes/Sidy’sPopulação faz festa de aniversário à espera da sangria do Açude Gargalheiras, em Acari — Foto: Matheus Menezes/Sidy’sAçude prestes a transbordar vira atração em cidade que sofreu por causa da seca no Rio Grande do Norte

Por g1 RN — A noite teve forró, churrasco e até festa de aniversário no Açude Gargalheiras, em Acari, na região Seridó do Rio Grande do Norte. Perto de atingir sua capacidade máxima após 13 anos, o reservatório virou atração para moradores da região, que têm realizado vigílias na região à espera da sangria.

A “sangria” é o termo usado quando o reservatório chega à sua capacidade máxima e transborda. Patrimônio histórico, geográfico, paisagístico, ambiental e turístico do Rio Grande do Norte, o Gargalheiras serviu de locação para o filme “Bacurau”, lançado em 2019 e é um dos maiores açudes do estado.

“É um evento que vai muito além da certeza de que haverá água na torneira nos próximos anos. O Gargalheiras é lindo e tem um significado muito grande, de pertencimento para a população do Seridó. De querer fazer parte desse momento”, afirma o jornalista Anthony Medeiros, que é de Currais Novos, cidade vizinha, e tem acompanhado a festa perto da parede do reservatório.

De acordo com ele, com a proximidade da sangria, o município reativou a iluminação pública no entorno do açude. Muitos comerciantes também montaram estruturas para venda de bebidas e alimentos. Artistas locais, como sanfoneiros e zabumbeiros, vão ao local e fazem a festa com a população, tocando forró.

“Teve gente que montou barraca, para não sair, não perder o momento da sangria”, relatou. Duas amigas que tinham falado no início do ano que iam comemorar o aniversário com a sangria do açude fizeram uma festa com bolo, na noite desta terça (2), diz. Ainda houve quem tenha montado uma rede bem perto da parede do açude, por onde ocorre a sangria.

O Açude de Gargalheiras tem capacidade para armazenar mais de 44 milhões de metros cúbicos de água, o suficiente para abastecer uma população de 56 mil pessoas por cerca de 4 anos. Ele chegou a ficar completamente seco (com 0% de nível de água) em alguns momentos entre os anos de 2017, 2018 e 2019.

“Eu presenciei o momento de seca. Por isso que quando ele começou a tomar água, eu disse: eu vou fazer, até onde der, se ele sangrar esse ano, do primeiro dia ao último, eu quero estar medindo cada centímetro que ele aumentar”, diz o autônomo Vicente Cassiano

Além das chuvas que caíram nos últimos dias no estado, o aumento no nível do Gargalheiras foi impulsionado também pela sangria do Açude Dourado, em Currais Novos, que levou parte da água para o açude de Acari. Em cerca de 50 dias, o açude de Acaru saiu de 1% para a situação atual.

“É uma emoção muito grande, pelo que a gente já passou, de ter que precisar comprar água porque ele estava muito seco. Mas Deus é maravilhoso”, diz a aposentada Marilu Bezerra.

O reservatório, quando estava completamente seco, serviu de cenário para o filme brasileiro Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Kleber Mendonça publicou imagens de 2018 e atuais do açude, nas redes sociais, comparando as duas realidades.