“O que o povo do Seridó fará se perder o emprego?”, pergunta o desembargador Cláudio Santos

Ainda na entrevista que concedeu à jornalista Anna Ruth na Rádio Cidade (94,3 FM), o desembargador Cláudio Santos também comentou a respeito do imbróglio envolvendo o Ministério Público do Trabalho e o Grupo Guararapes quanto aos direitos dos funcionários das facções têxteis que atuam no interior do estado. O magistrado do TJ/RN afirmou que respeita a intenção do MPT, mas avalia que é preciso ter um entendimento que beneficie os trabalhadores do Seridó, que já sofrem com a seca e não podem correr o risco de perder seus empregos.
“Compreendo as atribuições do MPT e demais órgãos do controle, só que eles passaram a se achar, no Brasil inteiro, responsáveis pelo destino de todo o país e do trabalhador. Não me pronuncio sobre a ação em si, até porque tenho minhas limitações como magistrado, mas tem que se aplicar a lei, sempre tendo em vista o bem comum. No Seridó, não temos emprego. O que há são cerca de 60 empresas que prestam serviços para cadeias de lojas. Os povos de cidades como Jardim do Seridó, Parelhas, Acari, São José, Ouro Branco, Lagoa Nova e São Vicente vão fazer o quê? Não tem emprego, não tem água”, lamentou.
Cláudio sugeriu que o governo passe a incentivar mais as facções têxteis como uma forma de melhorar a economia do estado. “Talvez, o bem maior seja a manutenção do emprego. Não pode se descuidar do pão de cada dia desses trabalhadores e pequenos empresários. As facções precisam de incentivo do governo. Um facção pequena gasta R$ 2 mil de energia elétrica por mês. Se o governo renunciasse ICMS, as facções só gastariam R$ 1.500, os outros R$ 500 ficariam para reinvestimento. Eles não têm nenhum incentivo fiscal para compra de máquinas e equipamentos. Poderia se renunciar ICMS, teríamos muito mais facções no estado e dentro de dois anos teríamos 200 facções. Por que não faz? Só se dá incentivo para empresas grandes? Façam o que é bom para a economia do estado e para manter esses trabalhadores”.