Diabetes Mellitus é tema de pesquisa inovadora na UFRN

A Diabetes está associada a diversas condições clínicas resultantes de alterações micro e macrovasculares - Divulgação

Por Marcos Neruber
UFRN

Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica que indica elevados índices de glicose no sangue. Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF, 2015), ela se constitui uma epidemia de alcance global com 415 milhões de indivíduos acometidos. Estimativas recentes projetam que esse número possa chegar a cerca de 642 milhões de pacientes em 2040.

Foi publicado na revista científica Cardiovascular Pathology um estudo que investiga a ação do exercício físico como tratamento da diabetes. A pesquisa foi coordenada pelo professor Bento João Abreu, que atua no Departamento de Morfologia (DMOR) do Centro de Biociências (CB) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e realizada pelo professor Flávio Santos Silva, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).

A Diabetes está associada a diversas condições clínicas resultantes de alterações micro e macrovasculares. Suas classificações principais são DM do tipo 1, quando o pâncreas do paciente deixa de produzir insulina (hormônio responsável pela captação de glicose na corrente sanguínea) e DM do tipo 2, quando as células do corpo se mostram resistentes à ação da insulina que também está em falta.

Juntamente com a dieta e a administração da insulina, uma das estratégias de tratamento da doença é o exercício físico. Apesar de evidências demonstrarem benefícios diversos para o paciente, pouco se sabe sobre os efeitos do exercício na estrutura do coração e na expressão de genes ligados à morfologia cardíaca na diabetes.

Constatações

O estudo foi realizado em um modelo experimental de diabetes do tipo 1 em ratos, os quais foram submetidos a um protocolo de treinamento físico em esteira adaptada.

Ficou observado que o protocolo de exercício físico, além de limitar a elevação da glicose sanguínea e a mortalidade dos animais, foi capaz de reduzir as alterações cardíacas típicas da diabetes como a dilatação do ventrículo esquerdo e a fibrose. Além disso, atenuou a desregulação dos genes das metaloproteinases 2 e 9, enzimas com papel crucial no remodelamento cardíaco.

Grupo de Pesquisa

O grupo de pesquisa no Departamento de Morfologia (DMOR) atua em colaboração com o grupo liderado pela professora Adriana Augusto de Rezende, do Departamento de Análises Clínicas do Centro de Ciências da Saúde da UFRN. E, além do estudo sobre a prática do exercício físico, estão sendo conduzidas pesquisas que investigam distintas técnicas de tratamento em outros órgãos alvos da diabetes, tais como rins e pulmões, além da investigação do processo cicatricial de tendões, músculos e nervos na diabetes.

Outra intervenção que será investigada é a Oxigenoterapia Hiperbárica, que consiste na administração de 100% oxigênio em alta pressão numa câmara específica para roedores. A terapia é inovadora e tem sido empregada em diversos casos clínicos. No entanto, sua real eficácia e mecanismos de ação ainda não estão completamente esclarecidos.

Os experimentos serão realizados em um espaço em estruturação no Departamento de Morfologia, o qual virá a constituir o Laboratório de Morfologia Experimental (LABMEX), que dará suporte também a outras atividades, como treinamento físico e microcirurgia em modelos experimentais animais.