“Carlos Eduardo persegue o presidente da Câmara de Natal”, afirmam vereadores

Sandro Pimentel (PSOL) e Cícero Martins (PTB) acreditam que o prefeito persegue Raniere Barbosa (PDT) - (Elpídio Jr.)
Portal Agora RN – O prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) tem perseguido e colocado obstáculos no caminho do presidente afastado da Câmara Municipal de Natal, Raniere Barbosa (PDT) – é isto que pensam os vereadores Cícero Martins (PTB) e Sandro Pimentel (PSOL), que afirmaram, em entrevista concedida ao Portal Agora RN/Agora Jornal, que o crescimento político de Raniere tem irritado o prefeito a ponto dele utilizar artifícios para prejudicá-lo.
“Está muito objetivo que o foco do prefeito tem nome e sobrenome: Raniere Barbosa. A gestão pública não pode se pautar em fiscalizar um gestor ou um ex-gestor, ela tem que fazer o trabalho dela de garantir a transparência e a boa aplicabilidade dos recursos públicos em todos os setores, independentemente de quem seja e de qual ano tenha sido o ocorrido”, disse Sandro, fazendo referência a uma portaria publicada no Diário Oficial do Município da segunda-feira 16, em que a controladoria-geral do município estende o prazo das investigações sobre os relatórios da Secretaria de Serviços Urbanos (Semsur), da época em que Raniere era seu titular.
Para Cícero Martins, um indício da concentração em Raniere é que há muitas atividades irregulares no governo de Carlos Eduardo que deveriam estar sendo investigadas, mas que não passam pelos olhos do Ministério Público. “De fato, há divergências, como na STTU (que não foram explicadas) e sobre a venda do Alecrim (que não possui licitação e contrato), e não se vê MPRN agir. Quanto ao processo da Semsur, os holofotes estão mirados para lá – acho que há um direcionamento neste foco na tentativa de denegrir a imagem de Raniere”, opinou.

Ambos os vereadores creditam a “perseguição” de Carlos Eduardo a Raniere Barbosa ao fato de que ele estava avançando em sua carreira política. De secretário da Semsur, passou para vereador e presidente da Câmara. Raniere, segundo Sandro Pimentel, também já estava ensaiando uma eventual candidatura à prefeitura de Natal, o que teria irritado o atual ocupante do posto.

“A partir do momento em que Raniere passa a ganhar visibilidade na Câmara e a pensar na possibilidade de ser candidato a deputado estadual e eventualmente a prefeito, isso começa a abalar o poder. Nenhum dos nomes que o prefeito tem para esses cargos é o de Raniere. Isso mexe em acordos com o PMDB e com outros partidos que garantem a governabilidade de Carlos Eduardo. A ideia central dele é perseguir Raniere para fazer a famosa ‘puxada de tapete’”, decretou.

Comentando o assunto, Cícero Martins adicionou que a decisão de Raniere em querer agir independentemente do prefeito na Câmara – apesar de pertencer ao mesmo partido – também foi um fator determinante para o início da “perseguição”.

“Na minha opinião, está muito claro que Carlos Eduardo é muito manipulador. Ele quer manter as pessoas sob sua posse, e no momento em que Raniere tentou fazer um trabalho independente, isso o incomodou, porque ele queria Raniere subserviente a ele. Com certeza, nesse processo [da Semsur] há o reflexo da decisão de Raniere em trabalhar de modo independente. No meu entendimento, é uma forma de retaliação pelo fato de que Raniere estava mostrando um crescimento político que, para o prefeito, não era adequado”.

O vereador do PTB, inclusive, estranha o fato de que o Ministério Público anunciou recentemente que o montante desviado e investigado pela Operação Cidade Luz foi diminuído de R$ 22 milhões para R$ 2 milhões assim que um nome de foro privilegiado – ainda sob sigilo – foi inserido no processo, o que acarretou na participação obrigatória do Tribunal de Justiça do estado (TJRN). Questionado, Cícero admitiu que pensa em Carlos Eduardo como possível candidato a este novo investigado, e declarou que, pela mudança de valores dos desvios investigados, deveria haver a nulidade do processo.

“No meu entendimento, seria uma perseguição não só do prefeito, mas há algo estranho também com relação ao MPRN. Na denúncia que envolve os acusados, o desvio inicialmente apontado era de R$ 22 milhões. A posteriori, quando surgiu o TJRN no assunto, alguém com foro privilegiado entrou no processo, e houve uma redução de R$ 20 milhões na denúncia. No meu entendimento, é um caso de nulidade processual, porque a denúncia-base que culminou em prisões e no afastamento de Raniere estava inadequada e feita de forma errada”, concluiu Cícero.