É Copa: Galvão Bueno histérico; Cléber Machado, irônico; Luís Roberto, elegante

Gustavo Villani, Cléber Machado, Galvão Bueno, Luís Roberto, Rogério Corrêa e Rembrandt Junior (Foto: Divulgação)

O que desperta mais emoção no telespectador brasileiro? Houve um tempo no qual as novelas exerciam esse papel sensorial. Os romances, o erotismo e o suspense suscitavam taquicardia em quem estava diante da TV.

Hoje, a teledramaturgia mais entretém do que envolve. Poucas tramas fazem o brasileiro se remexer no sofá. Já o futebol televisionado, especialmente durante uma Copa do Mundo, espanta a letargia e coloca o público para torcer e sofrer apaixonadamente.

Os locutores esportivos da TV se tornaram personagens de si mesmos. Cada um tem um estilo – e uma legião de fãs e/ou de críticos. Galvão Bueno, por exemplo, não deixa ninguém titubeante: ou é amado, ou detestado.

Na estreia da Seleção Brasileira na Rússia, contra a Suíça, ele parecia narrar uma final. Estava empolgado e nervoso. Galvão é histriônico, não dosa emoção. Berra e resmunga, achincalha e elogia. Como todo brasileiro, às vezes se comporta como técnico – e não raro chama mais atenção do que o jogo.

Essa passionalidade indisfarçável o transformou no mais famoso e bem pago locutor esportivo da televisão brasileira. E deu a ele o privilégio de escolher o que quer narrar em todas as modalidades esportivas exibidas na Globo.

Sua aposentadoria é um tabu no canal da família Marinho. Muitos o consideram insubstituível. Há quem veja sua ausência como benéfica ao departamento de Esportes da emissora pois permitirá a valorização de outros profissionais tão bons quanto. Apegado ao status, Galvão não demonstra intenção de parar: praticamente já se garantiu na Copa do Catar, em 2022.

Seu colega Cléber Machado parece um comediante de stand-up: perde o amigo, mas não perde a piada. Tem sempre um sorriso debochado no canto da boca. Sua locução é mais leve e divertida. O jornalista comanda a transmissão como se fosse um show de entretenimento.

Em outra ponta do campo está Luís Roberto, quase um lorde. O locutor se destaca pela elegância na condução das exibições esportivas. Evita conflitos e polêmicas. Sua animação está na medida, sem exagero.

Um locutor esportivo exerce papel imprescindível: pode ‘esquentar’ um jogo morno e garantir um espetáculo minimamente interessante a quem se coloca diante da TV. Não basta ser minucioso na narração, precisa garantir momentos de diversão ao telespectador.

Veteranos, Galvão, Cléber e Luís Roberto são os narradores VIPs da Globo enviados à Rússia para transmitir ‘in loco’. Rogério Corrêa, Rembrandt Junior e Gustavo Villani – trio que se destaca pela discrição, sem jamais roubar a cena – completam o time, fazendo locuções dos estúdios no Brasil.