Prefeitura de Natal deve R$ 40 milhões a terceirizados da Secretaria de Educação

Reunião da Comissão de Educação discutiu os atrasos na Prefeitura no pagamento dos terceirizados (Foto: Divulgação)

Se alguns gestores públicos tem sofrido para honrar seus compromissos com “simples” frustrações na receita que previram, imaginem então o sofrimento dos empresários que estão há seis meses sem receber qualquer valor de seus contratantes. Pois é. Esta é a situação das empresas que foram contratadas pela Prefeitura de Natal para fornecer mão de obra para a Secretaria Municipal de Educação. O tema é tão grave que foi, inclusive, pauta da reunião da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Natal nesta segunda-feira, 2. Segundo o próprio Município, a dívida com as empresas já representa, hoje, um valor de mais de R$ 40 milhões.

E é porque na edição desta segunda, o jornal Agora RN mostrou que o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT) pode renunciar a Prefeitura para disputar o Governo deixando um montante de R$ 175 milhões em restos a pagar, comparando com o valor que o Município fechou o orçamento de 2017. Contudo, levando em consideração que essa dívida foi somada aos meses de janeiro, fevereiro e março, que também não foram pagos pela Prefeitura, o rombo que o prefeito poderá deixar para o vice, Álvaro Dias (PMDB), em caso de renuncia, é ainda maior.

Inclusive, poderá caber a Álvaro Dias a renegociação dessas dívidas. Afinal, o Município comuniciou na reunião na Comissão de Educação que pretende “acordar” um pagamento dessas dívidas. Fará isso, porém, respeitando a disponibilidade financeira do Município, vivenciando meses de frustração de receita, sobretudo, por conta dos repasses constitucionais do Estado e da União.

“A crise está aí e o pau está quebrando em cima dos terceirizados”, avaliou o empresário Caio Honório, da Crast, uma das fornecedoras de mão de obra para o Município e com quem a Prefeitura tem uma dívida de R$ 9 milhões. “Na semana passada, foi pago novembro. Não existe bom pagador sem dinheiro”, alertou, acrescentando que, “se Deus quiser”, no final deste ano, termina o contrato com o Executivo e ele não terá mais essa dor de cabeça com a gestão municipal. “Tenho um problema que se chama Secretaria Municipal de Educação”, acrescentou.

Em situação tão delicada quanto está o empresário Francisco das Chagas Souza Ribeiro, da empresa Preservice. Ele está desde setembro do ano passado sem receber e a dívida da Prefeitura já soma R$ 8 milhões. E mais: agindo como candidato, o prefeito estaria priorizando o pagamento das empresas que fazem greve e causam prejuízo as imagens dele de “bom gestor”. “A Prefeitura está deixando bem claro que só paga a quem faz greve”, revelou, acrescentando que, como os trabalhadores dele não pararam, está tendo mais problemas que os outros para receber.

“Carlos Eduardo é um grande gestor e gosta de pagar, mas infelizmente está acontecido isso agora, e os funcionários revoltados com a Prefeitura, chegando a fazer movimentos, pedindo socorro a um e a outro, porque esses terceirizados são sofridos”, avaliou o empresário Chagas Souza Ribeiro.

Segundo a vereadora Nina Souza, líder do prefeito na Câmara Municipal, a situação é grave não só em Natal, mas em todas as gestões públicas. Nina lembrou também que o prefeito tem priorizado “com razão” o pagamento dos servidores efetivos, para depois honrar o compromisso com os terceirizados.

“Vivemos um momento de crise que não foi causada pelo Município de Natal. É fruto de todo um conjunto, de todo um bolo de crise nacional, mas mesmo assim a Prefeitura está conseguindo arcar com alguns compromissos. É obvio que constatamos que por uma questão até razoável, a Prefeitura priorizou o pagamento da folha de efetivo e, neste momento, ficou a questão dos terceirizados descoberta”, avaliou Nina Souza, líder do prefeito Carlos Eduardo Alves na Câmara.

Por Ciro Marques
Portal Agora RN