Fábio Faria usa carro alugado com verba da Câmara para ir jogar squash

Vídeo ao qual o Metrópoles teve acesso mostra motorista do político esperando pelo deputado, dentro de Fusion, em frente a clube em Brasília (Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados)

Do Metrópoles – Além de utilizar verba da cota parlamentar para emitir passagens aéreas a fim de disputar etapas regionais do Campeonato Brasileiro de Squash, em 2016, o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN) também tem usado essa fonte de recursos públicos para pagar a locação do carro que fica à sua disposição quando está em Brasília. O serviço inclui levar o congressista para atividades regulares, entre elas, treinos no clube Capital Squash Center, localizado em área nobre da capital federal.

O deputado é atleta da modalidade. Atualmente, ocupa a 8ª posição na categoria masculina do ranking Novo Squash Brasil. Vídeos aos quais o Metrópoles teve acesso mostram o motorista que atende o parlamentar aguardando por Fábio Faria dentro do Ford Fusion alugado, em frente ao estabelecimento esportivo. De acordo com relatos de frequentadores do Capital Squash Center, o funcionário fica lá constantemente, durante horas, enquanto o político treina na quadra.

Veja os vídeos abaixo:

Levantamento do Metrópoles na área de Transparência do Portal da Câmara aponta que o deputado usou, entre novembro de 2017 e março de 2018, R$ 101.133,59 da cota parlamentar. O valor total para pagamento de locação de veículos, despesa que aparece duas vezes neste período, foi de R$ 12 mil, montante pago às empresas Novitta Rent a Car Transportes LTDA–ME e Santos & Fernades Eireli.

O serviço foi contrato em novembro do ano passado, ao custo de R$ 9 mil, e em janeiro de 2018, por R$ 3 mil. No entanto, os valores gastos com essa rubrica podem ser maiores, uma vez que os parlamentes têm até 90 dias para prestar contas à Casa.

Confira os registros do uso da cota parlamentar de Fábio Farias com locação de veículos:

Gastos de novembro de 2017 – Reprodução
Gastos em janeiro de 2018 – Reprodução

O outro lado

Ao ser questionado sobre o uso do carro pago com a verba parlamentar para ir até o clube de squash, o parlamentar confirmou que faz isso “uma vez por semana”, quando aproveita para treinar e almoçar no local.

“Quanto à Capital Squash, eu nunca passei horas lá. O treino é de meia hora ou, no máximo, uma hora. Não procede essa informação. Eu só vou uma vez por semana. Na quarta-feira, na hora do almoço. Após o treino, às vezes eu almoço por lá. Não vejo mal nisso”, declarou.

A assessoria do deputado informou que ele não usa carro oficial, e sim veículo locado dentro da legalidade e conforme as regras previstas no “normativo interno” da Câmara.

REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Passagens

Em 2016, Fábio Faria lançou mão da cota destinada ao exercício parlamentar para garantir presença nas etapas do Campeonato Brasileiro de Squash realizadas em Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG).

O site da Câmara dos Deputados mostra que o político comprou bilhete para viagem do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo – cidade onde possui residência –, até o Aeroporto Internacional de Curitiba em 26 de julho de 2016. Dois dias depois, houve emissão de tíquete de Curitiba para São Paulo. A disputa ocorreu entre 28 e 31 de julho na capital paranaense.

De 22 a 25 de setembro, o campeonato foi disputado em Belo Horizonte. Em 22 de setembro, o gabinete de Fábio Faria comprou uma passagem de Congonhas para o Aeroporto de Confins, na capital mineira, e outra para o trajeto contrário.

A página da Câmara dos Deputados, no entanto, não mostra quais os dias e horários dos embarques. À reportagem, as companhias aéreas afirmaram uníssonas: não passam dados dos clientes, mesmo se tratando de serviço comprado com dinheiro público.

No total, os quatro bilhetes aéreos somaram despesa de R$ 3.409,86. De acordo com o Ato da Mesa n° 43/2009, que regulamenta o uso da cota parlamentar, a verba deve ser destinada a custear gastos exclusivamente vinculados ao exercício da atividade de congressista. A emissão de Requisição de Passagem Aérea (RPA) e dos tíquetes deve ser feita pelo próprio deputado ou por um servidor credenciado, conforme a norma interna.

Em julho de 2016, o gabinete de Fábio Faria gastou R$ 11.766,54 com viagens de avião. Na maioria das vezes, o transporte foi utilizado para locomoção entre Brasília, São Paulo e Natal (RN). As passagens para Curitiba fogem à regra. Em setembro daquele ano, os dispêndios com tal finalidade somaram R$ 20.009,76.

Ao Metrópoles, o deputado federal explicou que a emissão das passagens em 2016 não passa de um equívoco. Segundo ele, uma assessora teria feito a reserva dos voos pela Câmara dos Deputados, mas, depois, os tíquetes foram cancelados e o crédito acabou sendo usado posteriormente para outros itinerários. Procurada para confirmar se as passagens emitidas pela Casa foram ou não usadas, a assessoria da Câmara ainda não se manifestou.