Bolas de futebol causam prejuízos em cemitério no Rio Grande do Norte

Muro baixo divide cemitério de campo de futebol no interior do Estado (Foto: Lucas Cortez/G1)
Do G1 RN – De um lado, o cemitério da cidade; do outro, um estádio de futebol. E daí? Nada demais, não fossem as cruzes derrubadas e quebradas por causa das bolas que caem em meio aos túmulos, além do lixo que é lançado da arquibancada. Mas, essa não é a única particularidade do cemitério de Campo Redondo, na região Trairi do Rio Grande do Norte. Lá, tem um túmulo com uma fotografia em tamanho real de um ex-prefeito que sonhava em ser enterrado em pé, e ainda tem o jazigo de uma cachorra que ganhou fama por acompanhar sepultamentos.
De acordo com o único coveiro da cidade, Assis Jacinto, sempre que tem jogo no estádio Beira-Rio é comum a bola cair dentro do cemitério e derrubar cruzes. “Quando os familiares chegam, ficam chateados quando encontram as cruzes derrubadas”, afirmou.
Além disso, o coveiro reclama que os torcedores que vão aos jogos costumam jogar latas e garrafas do alto da arquibancada para dentro do cemitério. “Quando eu chego de manhã tenho que limpar tudo”, disse ele.
Para Assis Jacinto, a solução seria uma tela de proteção para conter as bolas, além da instalação de lixeiras ao longo da arquibancada. “Eles morreram, mas estão vivos na memória da gente. É preciso respeitar e zelar o nosso cemitério”, observou.
Secretário de Esportes de Campo Redondo, Fábio Gomes disse ao G1 que quando há jogos com a presença de torcida, são disponibilizados coletores de lixo em torno do estádio. Já com relação às bolas que caem no cemitério, ele reconheceu o problema e informou que existe um projeto de iluminação e de telagem do campo, que deve ser executado agora, em 2018.
Imagem aérea mostra cemitério e campo de futebol no interior do RN (Foto: Wagner Souza)
Foto em tamanho real
O túmulo do ex-prefeito José Alberany de Souza tem uma característica bem particular: uma foto dele em tamanho real. É que, antes de morrer, o político disse aos seus familiares que gostaria de ser enterrado de pé. Segundo a filha, Andressa Souza, o pedido não pôde ser realizado por causa de chuva forte que caiu durante o sepultamento do pai. “Foi difícil até para enterrar ele deitado, porque a cova ficou com um metro de água”, disse ela.
No ano seguinte, a família encomendou uma imagem em tamanho real do falecido e a colocou ao lado do túmulo. A foto tem 1 metro e 75 centímetros de altura, e foi fixada com acrílico em uma pedra de mármore. “Ele está de pé, do jeito que ele era, sempre com a cabeça pra cima, pra frente”, acrescentou Andressa. José Alberany foi prefeito de Campo Redondo entre os anos de 1973 e 1977, e morreu em 2014 aos 68 anos.
Imagem em tamanho real do ex-prefeito de Campo Redondo (Foto: Lucas Cortez)
Cadela que acompanhava enterros
Em frente ao cemitério foi sepultada a cadela Piabinha, uma vira-lata que ficou conhecida por acompanhar os enterros realizados na cidade. O animal morreu após complicações em um parto. Em homenagem, os moradores do município fizeram um cortejo para o animal e construíram um túmulo, que conta com uma pequena biografia, foto, flores e uma grade de proteção.
Túmulo da cadela Piabinha, que acompanhava enterros em Campo Redondo (Foto: Lucas Cortez/G1)