Golpe de pirâmides financeiras descoberto no Recife atingiu investidores no exterior

Agentes da Polícia Civil prenderam, no Recife, responsável pelas pirâmides financeiras, durante a Operação Necrópole de Gizé (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
Do G1 PE – O golpe das pirâmides financeiras, descoberto no Recife pela Operação Necrópole de Gizé, deflagrada na quinta-feira (4), atingiu investidores até no exterior. Responsável pelas investigações, o delegado Carlos Couto apontou, nesta sexta (5), que foram identificadas ao menos duas vítimas em Portugal. Segundo a Polícia Civil, o idealizador da organização criminosa desarticulada é Antônio Ferreira de Araújo Júnior, de 41 anos, que foi preso.
O delegado fez um balanço da operação, em entrevista no Recife, e revelou que Araújo Júnior foi apontado como responsável por aplicar o golpe naquele país europeu. O policial informou, ainda, que nas buscas domiciliares foram encontradas duas listas de possíveis investidores. “Inicialmente, acreditamos que eram pouco mais de 100 pessoas lesadas. Mas esse número pode ser maior”, afirmou.
Além de prender Araújo Júnior, a polícia identificou mais três possíveis envolvidos na fraude. Todos tiveram contas bancárias bloqueadas e o valor chega a R$ 1 milhão.
“O Araújo gerenciava a distribuição dos recursos. Dizia que tinha um lastro de US$ 5 milhões. Agora, vamos usar o banco de investigações de lavagem de dinheiro, da Polícia Civil, para rastrear esse dinheiro do golpe”, acrescentou. O G1 não conseguiu localizar a defesa do suspeito.
O crime
Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, os prejudicados pela organização eram investidores de classe média alta. Eles aplicaram entre R$ 10 mil e R$ 50 mil.
De acordo com o chefe da Polícia Civil, Joselito do Amaral, ele criou uma empresa apenas para controlar as pirâmides. Em um edifício empresarial localizado em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, alugou um andar inteiro para instalar uma casa de câmbio, o Bank Invest.
Ele prometia rentabilidade anual de 188%, em 12 meses. Quem aplicava R$ 50 mil, após um ano sem fazer retirada, lucrava R$ 144 mil. “Quem levasse outras pessoas poderia ganhar ainda mais. Por isso, se configura a pirâmide financeira”, observa Amaral.
Esta instituição atuou normalmente até setembro do ano passado. Naquele mês, Araújo Júnior encerrou os serviços do banco de investimentos e entregou todas as salas. Para Amaral, será necessário avaliar o patrimônio apreendido com Araújo Júnior para tentar amenizar as perdas das pessoas lesadas, entre elas profissionais do mercado financeiro e gerentes de banco.