“Maioria do povo brasileiro é contra o renascimento do PT”, diz Geraldo Melo

Ex-senador e ex-governador do RN, Geraldo Melo - (José Aldenir / Agora Imagens)
Do Portal Agora RN – O ex-governador do Estado, senador da República e vice-presidente do Senado Federal brasileiro entre 1995 e 1997 pelo PMDB do Rio Grande do Norte, Geraldo Melo não acredita que o Partido dos Trabalhadores (PT) será recolocado na liderança do país nas eleições gerais do ano que vem. Em entrevista concedida ao Portal Agora RN / Agora Jornal, o empresário, que atualmente não detém cargo político, rechaçou a possibilidade do partido liderado pelo ex-presidente Lula voltar à Presidência da República, apesar de pesquisas recentes apontarem o favoritismo do petista, que lidera em todos os cenários com até 30% de preferência do eleitorado.

Para Geraldo Melo, os percentuais atribuídos a Lula na última pesquisa mostram que grande parte da população brasileira ainda não definiu em quem vai votar no ano que vem, muito embora haja uma divisão exacerbada de preferências do eleitorado, que detém, atualmente, pelo menos cinco candidatos concorrentes ao líder petista. “A maioria do povo brasileiro é contra o renascimento do PT. Prova disso é que está em campanha um candidato do PT e ele só tem 30% das intenções de voto, ou seja, 70% da população não está com ele. O problema que está acontecendo, porém, é que esses 70% estão divididos. É pedaço para cada lado”, analisou Geraldo.

“Neste caso, nós podemos sim ter um grande problema. Claro que dependendo das circunstancias pode até ser resolvido no 2º turno, mas é uma coisa muito desanimadora uma vez que não favorece a união da população em torno de um determinado discurso. Acredito que um novo país tem que nascer agora, com uma injeção de seriedade, de responsabilidade, integridade, honestidade e eficiência, mas esse país não vai nascer com cada um de nós em lados opostos. É preciso haver uma discussão de um eixo central pela qual a população possa se unir, caso contrário tudo ficará mais complicado”, completou.

Questionado sobre se a divisão de preferências do eleitorado por candidatos distintos poderá favorecer o ex-presidente Lula numa eventual disputa pela presidência, Geraldo Melo disse não crer, e utilizou os resultados das eleições municipais, realizadas no ano passado, para destacar que o povo não mais acredita nas promessas feitas pelos líderes do Partido dos Trabalhadores. Todavia, caso realmente Lula seja recolocado na cadeira principal do país, o ex-governador diz que será necessária uma revitalização do cenário eleitoral brasileiro.

“Se a população brasileira for fazer a ressureição deste partido, acho que estará na hora da gente parar de falar mal de político e passar a falar mal de outras pessoas. Se uma população que tem esfregado na cara todo o absurdo e escândalo que foi realizado, se o esquema de corrupção mais escandaloso que se tem notícia na história da humanidade (não teve país nenhum no mundo com algo dessa proporção) ainda não for suficiente para desgastar a imagem do partido, paciência. Não haverá nada o que se fazer”, analisou o ex-político Norte-rio-grandense.

Ademais, Melo tratou, na entrevista concedida ao Agora Jornal, da atual gestão do país chefiada pelo correligionário Michel Temer. Na sua concepção, o período do atual presidente a frente do Brasil tem sido bastante satisfatório, sobretudo no tocante a economia, que vem reagindo mês após mês devido às propostas de reformas que foram lideradas pelo presidente e são apreciadas nas Casas Legislativas federais. A impopularidade do mandatário, contudo, é apontada como a única deficiência do presidente atual.

“O fato de não se comunicar bem com a população é o único problema da atual gestão. De todo modo, Temer teve a coragem de iniciar as propostas de reformas, que desde que muita gente era criança já havia conhecimento da necessidade. As pessoas podem até não concordar, mas ele tem, por exemplo, a reforma da Previdência. Muita gente pode não gostar do que ele está propondo, achar que não é bom, mas imagino que as pessoas não devem querer que o déficit na Previdência se mantenha. Se a reforma que ele tá propondo não é boa, que arranjem uma outra para substituir. Ele está fazendo as reformas que a sociedade precisa que sejam feitas. Pode ser que alguma delas tenham componentes que não agradem a algumas pessoas, mas isso se muda depois. O mais difícil ele tá fazendo e tem meu respeito por isso”, contou.

Sobre a crise política do governo, que é alvo de denúncias da Procuradoria Geral da República em casos de corrupção, Melo admitiu que isso afeta bastante a gestão do PMDB, mas que o partido e o presidente Temer estão sabendo suportar. Todavia, Geraldo cobrou a resolução das denúncias e disse ser favorável que medidas sejam tomadas a partir do momento em que houver comprovação dos atos denunciados (ou não). “Esse é um lado péssimo. Embora não se tenha comprovado nada contra ele, há uma suspeita que cria uma atmosfera de incerteza e dúvida em relação a muita gente da sua gestão”, disse.

“Acho duas coisas sobre essas acusações: primeiro que, se tem acusação, que seja apurada e esclarecida. Quem for encontrado em culpa, que pague pelos seus pecados. E segundo, torço que não se esteja acusando as pessoas simplesmente por que não gosta da cara delas. Que não se esteja falando mal delas, sem ter a informação precisa sobre aquilo que tá sendo contado. São os dois lados moeda: quem tiver pecado, que receba e pague sua penitencia; mas quem quiser acusar, que procure as provas para provar o que está dizendo. A honra alheia não é nada para se brincar”, relatou.

Por fim, Geraldo Melo fez uma análise econômica da gestão peemedebista e citou a queda da inflação como motivo de comemoração para todos. Na visão do ex-senador, o país está mudando e reagindo na economia, dando sinais de melhoras animadoras, fazendo com que diversas situações se tornem favoráveis a partir de então.

“Temer colocou uma equipe que é um primeiro time, e essa equipe, com crise ou sem crise, não parou de realizar o que era necessário fazer. Ultimamente já tiveram meses de inflação negativa. Veja bem: estamos no país que já teve 180% de inflação por mês, mas que agora está tendo -1%, -2%. Isso explica uma elevação na capacidade de compra da população, mesmo sem haver aumento de salário. Se os preços baixaram um pouco, seja 5 ou 10%, aumentou na mesma proporção a capacidade de comprar, e isso já é reflexo das atitudes do governo. Acredito que o cenário econômico do país mudou. Creio que a economia brasileira está dando sinais muito animadores, prudentemente (nada está sendo feito nas carreiras), e acho que estamos saindo do grande sufoco que tivemos”, concluiu.