Kelps critica sistema de fiscalização por câmeras: “Prefeitura não conversa com o cidadão”

Deputado estadual Kelps Lima (Solidariedade) - Foto: João Gilberto
O deputado estadual Kelps Lima (SD) criticou duramente o novo sistema de fiscalização de trânsito implementado pela Prefeitura do Natal. Em artigo divulgado nesta segunda-feira, 11, o parlamentar denunciou que a gestão municipal “não conversa com o cidadão” e que, em vez de promover campanhas educativas sobre conduta no trânsito, resolve usar a tecnologia para arrecadar ainda mais impostos.

A partir de agora, por meio do monitoramento feito por câmeras espalhadas em 36 pontos da cidade, motoristas poderão ser multados caso cometam infrações de trânsito que sejam identificados pelos observadores remotos da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU).

Segundo o parlamentar, a utilização da tecnologia na gestão pública é importante. Contudo, na avaliação dele, o uso das câmeras em Natal atende a um “conceito manco de que a sociedade é uma presa para ser intensamente achacada com mais e mais formas de arrecadação e tributos punitivos”.

“A Prefeitura Analógica não conversa com o cidadão. Ela manda boletos com código de barra. Agora, à força, quer a sociedade engolindo um punhado de câmeras inimigas que vão fotografar a intimidade de nossas famílias dentro dos carros – e nos multar por isso”, escreveu o deputado.

Na avaliação de Kelps, uma melhor alternativa de investimento no trânsito da capital poderia ser a adoção de campanhas educativas – o que, diz ele, foi preterido pela atual administração. “A pretexto de melhorar a fiscalização, a Prefeitura Analógica de Natal não investiu em campanhas educativas, não criou uma comunicação perene de orientação nem montou um ambiente social de adesão aos procedimentos na relação com o trânsito da cidade. Na cabeça analógica dos gestores da cidade educação não é importante. Multar é importante”, criticou o deputado.

Além disso, o líder do partido Solidariedade no Rio Grande do Norte lamentou que a mesma inovação usada para fiscalizar o trânsito da capital não é colocada em prática em outros setores administrativos de Natal. “Por qual motivo o mesmo sopro de tecnologia que será usado para tirar dinheiro do cidadão através de multas não sopra também para a prestação de serviço na área de saúde, por exemplo, fazendo com que o doente possa usar aplicativo de celular para marcar consulta em um posto de saúde de Natal? Sem ter que entrar em fila, ou perder dias indo e voltando sem ser atendido”, anotou.

“Tecnologia no bolso dos outros é refresco”, concluiu.

Leia abaixo o texto na íntegra:

“O cidadão atualizado vai lembrar de quando nos posicionávamos favoráveis a imprimir na máquina pública de Natal um banho de tecnologia, com uso de aplicativos e comunicação digital para resolver pequenos problemas que, na falta de habilidade, as gestões municipais acabam transformando em grandes dramas.

Dizíamos da urgência de tirar Natal da era antiga e levá-la para uma época digital, eliminando predadores que insistem em nos manter num eterno clima de desassossego.

Toco no assunto porque esta semana começou conflagrada em Natal pelo conflito do pensamento dos gestores de sempre, analógicos, tentando usar tecnologia nova, que eles não dominam, dentro do conceito manco de que a sociedade é uma presa para ser intensamente achacada com mais e mais formas de arrecadação e tributos punitivos.

A pretexto de melhorar a fiscalização, a Prefeitura Analógica de Natal não investiu em campanhas educativas, não criou uma comunicação perene de orientação nem montou um ambiente social de adesão aos procedimentos na relação com o trânsito da cidade.

Na cabeça analógica dos gestores da cidade educação não é importante. Multar é importante.

A Prefeitura Analógica não conversa com o cidadão. Ela manda boletos com código de barra.

Agora, à força, quer a sociedade engolindo um punhado de câmeras inimigas que vão fotografar a intimidade de nossas famílias dentro dos carros – e nos multar por isso.

Está dando tão errado que os blogs já relatam anúncios de ações judiciais.
A decisão de investir em tecnologia e tornar a fiscalização mais ostensiva está certa. Eu sou defensor ferrenho do uso de tecnologia para melhorar a máquina pública. O problema é que gerir uma cidade em uma era complexa como a atual não é tarefa fácil para quem continua com a cabeça na idade analógica.

Os analógicos da política enxergam a tecnologia como uma arma para manter seus pontos de vistas antigos. Não conseguem ver um outro lado positivo: prevenir, educar, treinar as gerações futuras e repreender apenas os reincidentes.

Por qual motivo o mesmo sopro de tecnologia que será usado para tirar dinheiro do cidadão através de multas não sopra também para a prestação de serviço na área de saúde, por exemplo, fazendo com que o doente possa usar aplicativo de celular para marcar consulta em um posto de saúde de Natal? Sem ter que entrar em fila, ou perder dias indo e voltando sem ser atendido.

Tecnologia no bolso dos outros é refresco.”