Ataque terrorista deixa 13 mortos e mais de 100 feridos em Barcelona na Espanha

AFP – Pelo menos 13 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas nesta quinta-feira (17) em Barcelona, quando uma van avançou sobre uma multidão em Las Ramblas, turística avenida da capital catalã, em um ataque terrorista reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico.

“Podemos confirmar que já são 13 mortos e que há mais de 100 feridos”, informou em coletiva o ministro do Interior do governo catalão, Joaquim Forn. O número de mortos pode aumentar pela gravidade de alguns feridos, advertiu.

Horas após o ataque em Barcelona, a polícia anunciou a morte de “quatro supostos terroristas” em Cambrils, 120 km a sudoeste da capital catalã.

Pessoas são socorridas após atentado em Barcelona (Foto: Oriol Duran/AP)

“Quatro supostos terroristas foram abatidos em Cambrils e um quinto está ferido”, anunciou a polícia, sem precisar se há ligação entre o grupo e o ataque em Barcelona.

O atropelamento foi reivindicado pela organização ultrarradical em um comunicado divulgado por sua agência de propaganda Amaq: “os autores do ataque de Barcelona eram soldados do Estado Islâmico”.

Imagem de rede social mostra van que seria a usada no atropelamento de várias pessoas em La Rambla, em Barcelona (Foto: Reprodução/Twitter/Ricardbellis)

Durante a tarde, uma van atravessou a toda velocidade a mais turística das avenidas de Barcelona, onde turistas espanhóis e estrangeiros costumam passear, e percorreu centenas de metros atropelando pessoas, gerando cenas de pânico.

Além de espanhóis, entre os atropelados há cidadãos de Alemanha, Argentina, Austrália, Argélia, China, Bélgica, Cuba, França, Espanha, Holanda, Hungria, Peru, Romênia, Irlanda, Grécia, Macedônia, Itália e Venezuela, segundo as autoridades.

Van usada no ataque terrorista que atropelou dezenas de pessoas é guinchada pela polícia em Barcelona (Foto: Sergio Perez/Reuters)

– Motorista foragido –

“Evidentemente [é] um atentado terrorista com vontade de matar o maior número de pessoas”, assinalou o porta-voz da polícia catalã, Josep Lluis Trapero.

Dois suspeitos foram detidos pelo atentado, um nascido no enclave espanhol de Melilla, no Marrocos, e um marroquino identificado como Driss Oukabir. No entanto, o motorista da van continua foragido, disse Trapero. Nenhum deles tinha antecedentes, explicou.

Além disso, a polícia relacionou o atentado a uma explosão na noite anterior em uma casa em Alcanar, a 200 quilômetros ao sul da capital catalã, que deixou um morto e sete feridos. “A suspeita é que estivessem preparando um artefato explosivo”, assinalou Trapero.

Este ataque remete a outros atentados terroristas na Europa com veículos, como o de Nice em 14 de julho de 2016, quando um caminhão conduzido por um tunisiano foi lançado contra a multidão, matando 86 pessoas e deixando mais de 400 feridos.

Testemunhas descreveram cenas de terror na área.

“Estava ao lado, no Corte Inglês [loja de departamentos] e ouvi um barulho forte. Tentamos sair, mas não pudemos. Vi quatro, cinco corpos no chão e pessoas tentado reanimá-los, e muito sangue”, contou à AFP Lily Sution, uma turista holandesa.

“Quando tudo aconteceu, saí correndo e vi destroços, quatro corpos no chão, pessoas socorrendo, gente chorando e também havia muitos estrangeiros que perderam os seus familiares”, disse Xavi Pérez, de 26 anos e balconista.

– Reabertura do centro –

O Palácio Real espanhol condenou em duros termos o atentado no Twitter: “são uns assassinos, simplesmente uns criminosos que não vão nos aterrorizar. Toda a Espanha é Barcelona. Las Ramblas voltarão a ser de todos”.

O chefe de Governo, Mariano Rajoy, foi rapidamente para Barcelona, onde o governo catalão está empenhado em realizar um referendo separatista.

Anunciando três dias de luto nacional, Rajoy declarou: “estamos unidos na dor, mas estamos – sobretudo – unidos na vontade de acabar com esta loucura e com esta barbárie. […] Os espanhóis vão vencer”.

Depois de manter a área cercada por um cordão de segurança desde a hora do ataque, as autoridades informaram na noite desta quinta-feira que estavam retirando as restrições de acesso ao centro da cidade e o confinamento para as últimas pessoas que se mantinham abrigadas em lojas.

O ataque causou o fechamento das estações de metrô e de trem próximas à zona, enquanto cancelavam todas as “atividades lúdicas” do dia na cidade.

Diante do ataque, a solidariedade aflorou: os taxistas levavam de forma gratuita os turistas que não conseguiam pegar o metrô, o consórcio Turismo Barcelona colocou à disposição quartos de hotel gratuitamente e os serviços de doação de sangue ficaram lotados de pessoas dispostas a ajudar.

– Condenações –

Ao redor do mundo, se multiplicaram as condenações ao ataque, cujas vítimas foram lembradas com homenagens na Torre Eiffel, em Paris, e no arranha-céu One World Trade Center, em Nova York.

“Os Estados Unidos condenam o ataque terrorista em Barcelona, na Espanha, e farão todo o necessário para ajudar”, tuitou o presidente Donald Trump.

O papa Francisco expressou a sua “grande preocupação” com os atos; o presidente francês, Emmanuel Macron, transmitiu “a solidariedade” de seu país com as vítimas; e a primeira-ministra britânica, Theresa May, mostrou o seu apoio à Espanha “contra o terrorismo”.

A Espanha, terceiro destino turístico mundial, permaneceu até agora à margem da onda dos atentados do grupo Estado Islâmico em grandes cidade europeias como Paris, Bruxelas, Londres, Nice e Berlim.

Mas em 11 de março de 2004 sofreu os atentados extremistas mais sangrentos cometidos na Europa, quando cerca de 10 bombas explodiram em vários trens de Madri, deixando quase 200 mortos. Os ataques foram reivindicados em nome da Al-Qaeda por uma célula islâmica radical.