Advogada acusada de associação com traficantes tem pedido de liberdade negado

Advogada Ana Paula Nelson e o marido dela, o policial Iriano feitosa, assassinado em fevereiro de 2016 (Foto: Ana Paula Nelson/Arquivo Pessoal)

Por Anderson Barbosa
G1 RN

A advogada Ana Paula da Silva Nelson, acusada de lavagem de dinheiro e associação com o tráfico de drogas no Rio Grande do Norte, deve continuar presa até o julgamento do processo. Nesta terça-feira (11), a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça julgou e negou o pedido de habeas corpus feito pela defesa dela, que agora promete recorrer ao Superior Tribunal de Justiça.

Ana Paula da Silva Nelson – que estava em liberdade provisória – voltou à prisão no dia 8 de junho após descumprimento de exigências impostas pela Justiça. Inicialmente, ela havia sido presa em setembro de 2016 durante a operação Medellín, do Ministério Público e da Polícia Civil, que investiga a atuação de uma quadrilha de traficantes de drogas no estado.

No despacho que ordenou a volta de Ana Paula à prisão, o juiz Kennedi de Oliveira Braga, da 9ª Vara Criminal de Natal, relatou que a advogada entrou em um presídio usando um celular e ainda acabou destratando, com palavras ofensivas, dois agentes penitenciários.

Ainda de acordo com o magistrado, Ana Paula também não pediu autorização para se ausentar da cidade, tendo feito viagens sem o conhecimento da Justiça.

Após ser novamente detida, a advogada foi levada para a Companhia Feminina da PM, onde permanece à disposição da Justiça.

Segundo o advogado Arsênio Pimentel, responsável pela defesa de Ana Paula Nelson, a audiência de instrução e julgamento dela deve acontecer em setembro.

Iriano Serafim Feitosa estava dirigindo o carro, ao lado da esposa, a advogada Ana Paula Nelson, quando foi baleado (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

Marido assassinado

Ana Paula Nelson era mulher do policial civil Iriano Serafim Feitosa, assassinado no dia 3 de fevereiro do ano passado quando dirigia o carro dele pela Av. Xavantes, no conjunto Cidade Satélite, na Zona Sul de Natal. A advogada, que também estava no carro, levou dois tiros. Ela e o marido foram socorridos ao hospital, mas ele morreu minutos depois de dar entrada no Pronto-Socorro Clóvis Sarinho.

Policial civil Tibério Vinícius França vai a júri popular pela morte do marido de Ana Paula (Foto: Divulgação/PF)

O acusado de matar o marido de Ana Paula também é policial civil. Tibério Vinicius Mendes de França foi sentenciado pelo juiz Ricardo Procópio Bandeira de Melo, titular da 3ª Vara Criminal da capital, a sentar no banco dos réus. A data do júri popular ainda não foi definida.

‘Preso fantasma’

Ana Paula Nelson também é suspeita de envolvimento em uma série de irregularidades na Penitenciária Estadual de Parnamirim, na Grande Natal. Segundo o Ministério Público, ela, uma outra advogada, e pelo menos três agentes penitenciários estão envolvido em crimes de facilitação de fugas, falsidade ideológica, falsidade material, tráfico de influência e organização criminosa.

Um dos casos investigados trata de um ‘preso fantasma’ que foi cliente de Ana Paula. Documentos, que segundo o MP foram falsificados, atestaram o bom comportamento de George Gustavo da Silva, fato que levaram uma juíza a beneficiar o detento com o regime semiaberto. O detalhe é que George nunca pisou na Penitenciária de Parnamirim.

A farsa, de acordo com as investigações, só foi descoberta quando o detento foi preso, em setembro de 2015, durante uma operação da Polícia Federal em combate a uma quadrilha de tráfico internacional de drogas.

No início da semana, policiais civis deram cumprimento a mandados de busca e apreensão nas residências dos envolvidos, incluindo buscas na casa de Ana Paula. A ação foi coordenada pelas promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público da Comarca de Parnamirim e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).

O resultado das buscas e apreensões não foi revelado. Porém, a se confirmarem as suspeitas, os investigados devem ser denunciados por facilitação de fugas, falsidade ideológica, falsidade material, tráfico de influência e organização criminosa.